Hong
Kong, China, 16 out (Lusa) -- Mais de 900 candidatos vão concorrer, em
novembro, às eleições locais em Hong Kong, tradicionalmente ganhas pela ala
pró-Pequim e vistas como um teste à opinião pública após os protestos
pró-democracia e o chumbo da reforma política.
O
período de candidaturas, de 02 a 15 de outubro, terminou com um recorde de
inscrições para estas eleições, marcadas para 22 de novembro. No total foram
recebidas 951 candidaturas para os 431 lugares que vão a votos nos 18 distritos
de Hong Kong, que abrangem a ilha de Hong Kong (4), Kowloon (5) e os Novos
Territórios (9), informou na quinta-feira a comissão eleitoral.
Com
base nos dados disponibilizados pela comissão eleitoral, a imprensa de Hong
Kong, como a Rádio e Televisão Pública e o jornal South China Morning Post,
refere que cerca de 15% dos lugares vão ser eleitos sem contestação: no atual
processo eleitoral, 66 assentos vão ser disputados por candidatos únicos,
enquanto nas últimas eleições locais, há quatro anos, essa situação
verificou-se em 76 lugares.
A
maior parte dos candidatos únicos é conotada com o campo pró-Pequim,
nomeadamente, a Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong
(DAB, na sigla inglesa) -- também o maior partido no Conselho Legislativo
(parlamento) --, e a Federation of Trade Unions.
Pela
primeira vez na história destas eleições deixa de haver conselheiros distritais
nomeados, e todos os candidatos passam a ser eleitos pelo voto de eleitores
recenseados com mais de 18 anos. No entanto, 66 candidatos estão
automaticamente eleitos, por terem sido os únicos a apresentar-se no seu
círculo, e acabarão por não se sujeitar a qualquer votação.
O
fim do sistema de nomeação para o 'District Council' foi aprovado em 2013 pelo
Conselho Legislativo (parlamento). Mas "mais importante do que isso",
defendeu Ivan Choy, da Chinese University of Hong Kong, é que estas são as
primeiras eleições após o movimento Occupy e após o chumbo da proposta de
reforma política pelo Conselho Legislativo da antiga colónia britânica,
registados nos últimos 12 meses.
"Sabemos
pela sondagens (...) que, nestas duas grandes ações dos democratas, eles só
conseguiram metade do apoio da opinião pública generalista. Isto significa que
a opinião pública generalista não os apoiou (...), e por isso as pessoas estão
mais preocupadas sobre se os democratas vão sofrer mais com estas ações
políticas e ter ainda piores resultados nas eleições para o 'District
Council'", afirmou à agência Lusa.
Após
os 79 dias de ocupação de várias zonas da cidade, há um ano, em defesa do
sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo da região, novos grupos
surgiram, também formados por jovens e ativistas, e a eleição para os órgãos
locais foi, nos últimos meses, apontada como um teste à capacidade de os
pró-democratas conseguirem um maior número de assentos.
Não
obstante, tradicionalmente, os candidatos do campo pró-governo de Hong Kong e
pró-Pequim têm conseguido melhores resultados, recordou Ivan Choy.
"Por
exemplo, os democratas, nas últimas eleições para os 'District Council' só
conseguiram um quarto dos mais de 400 lugares, ou seja, cerca de 100
lugares", afirmou.
Além
dos 431 lugares eleitos no próximo dia 22 de novembro, nos círculos eleitorais
dos Novos Territórios há ainda 27 lugares adicionais que serão preenchidos por
representantes do 'Rural Comittee Chairmen', criado para defender os assuntos
sociais dos moradores que nasceram naquelas comunidades.
Os
'district councils' são uma herança da governação britânica cuja missão é
melhorar a vida dos residentes, incluindo transportes, infraestruturas e
ambiente, e os conselheiros distritais fazem a 'ponte' entre os moradores e o
governo da região, funcionado sob a supervisão dos Assuntos Internos de Hong
Kong.
FV
// MP
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