Pequim,
24 jan (Lusa) -- Um dos cinco livreiros desaparecidos no final do ano em Hong
Kong reuniu-se num local secreto na China com a mulher, através da qual fez
chegar uma carta à polícia, na qual diz estar a cooperar
"voluntariamente" numa investigação.
Segundo
o jornal South China Morning Post, que teve acesso à carta entregue à polícia
da antiga colónia britânica, Lee Bo, natural de Hong Kong e com passaporte
britânico, esteve com a mulher, Choi Ka-ping, em local não revelado no interior
da China, quase um mês depois de ter desaparecido do território.
O
livreiro, funcionário da Causeway Bay Books e da editora Mighty Current,
especializada na edição e venda de livros críticos do regime chinês, é um dos
cinco editores que desapareceram no final do ano passado.
A
sua mulher disse no sábado à polícia de Hong Kong que se tinha encontrado com o
marido numa "pensão na parte continental" (da China), e entregou às
autoridades policiais uma carta na qual o livreiro afirma estar a
"participar numa investigação na qualidade de testemunha".
"Eu,
Lee Bo, titular de um bilhete de identidade de Hong Kong, fui recentemente
considerado desaparecido, e gostaria de fazer alguns esclarecimentos",
começa a carta.
Na
mesma, Bo afirma "apreciar realmente a preocupação da polícia", mas
garante "não ter sido sequestrado e, de todo, preso na China por práticas
de prostituição", como foi publicado anteriormente.
Sublinha
que já esteve com a sua mulher e que se sente "livre e seguro" onde
está, manifestando a esperança de que a polícia de Hong Kong "não continue
a desperdiçar recursos com o seu caso" porque, segundo referiu,
deslocou-se ao interior da China para "cooperar com uma investigação
voluntariamente".
A
mulher de Bo, de 65 anos, disse à polícia que o seu marido se encontra em bom
estado anímico e de saúde, segundo um comunicado da polícia de Hong Kong
divulgado na noite de sábado, que acrescenta que a esposa não deu mais detalhes
sobre o local em que se encontrou com o marido nem o conteúdo da investigação
na qual Lee diz estar a participar.
A
carta de Bo, similar a outro manuscrito do livreiro dirigido à polícia no qual
dizia estar na China há dias, é publicada uma semana depois de o seu colega Gui
Minhai ter aparecido, a 17 de janeiro, na televisão estatal chinesa CCTV a
confessar que se entregou às autoridades pelo atropelamento e morte de uma
jovem em 2004.
Familiares
e amigos de Gui, que tem a dupla nacionalidade chinesa e sueca, assim como
organizações e publicação através da Internet, mostraram-se céticas em relação
ao conteúdo da gravação.
Os
dois integram um grupo de cinco editores e livreiros de Hong Kong, juntamente
com Cheung Ji-ping, Lui Bo e Lam Wing-kei, que desapareceram de forma
misteriosa em outubro e dezembro passados.
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