Inês
David Bastos* - Económico
Com
cerca de 62% dos votos já contados, Marcelo Rebelo de Sousa vence à primeira
volta.
Marcelo
Rebelo de Sousa terá garantido hoje a Presidência da República, sucedendo
a Cavaco Silva, conseguindo cerca de 57% dos votos, isto numa altura em que 62%
dos votos já estão apurados.
Esta
era de resto a tendência revelada pelas sondagens à boca das urnas. A
Universidade Católica foi a única a deixar em aberto a possibilidade
de as eleições terem que ser decididas numa segunda volta. As sondagens da
Intercampus e Eurosondagem garantiam às 20h que não vai haver segunda volta a
14 de Fevereiro.
Durante
os quinze dias de campanha eleitoral oficial, e até mesmo antes, as sondagens
apontaram desde sempre para a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa logo à
primeira volta, embora também sempre se tivesse alertado para a incerteza que é
o factor abstenção.
Marcelo
surgia à frente na corrida com uma percentagem que variava entre os 51% e os
54% mas as empresas de sondagens não medem a abstenção em Portugal e, uma vez
que o voto não é obrigatório, como é o caso do Brasil, para os analistas é
difícil antever qual a percentagem de eleitorado que diz que vai votar mas
depois fica em casa no dia das eleições. Rui Oliveira e Costa, presidente da
Eurosondagem, explica mesmo ao Económico que a abstenção é o "inimigo
número um,dois e três dos candidatos" porque é o factor mais incerto
e aquele que pode dar a volta a tudo o que é previsões.
Marcelo
e a sua ‘entourage’ sempre tiveram consciência que a abstenção era o seu maior
risco. Se o número de abstencionista à direita crescesse na ‘hora H’, o
professor sabia que corria o risco de ter de defrontar uma segunda volta com a
esquerda. E, nesse caso, cair na possibilidade de não conseguir à direita
tantos votos quanto uma esquerda totalmente unida em torno de um candidato. Por
isso, depois de ter incomodado uma boa fatia do eleitorado de direita ao fazer
uma primeira semana de campanha virado para a esquerda, Marcelo guinou na
última semana com um derradeiro apelo à mobilização do eleitorado de
centro-direita: moderou o discurso, teve a seu lado os aparelhos partidários do
PSD e CDS (na primeira semana distanciou-se de partidos) e viu Passos Coelho e
Paulo Portas virem apelar ao voto na sua candidatura. Era a derradeira
tentativa de mobilização da direita para travar o risco da abstenção.
Rui
Oliveira e Costa explica ao Económico que basta a abstenção duplicar o que
surge nas sondagens – para 35% - para trocar as contas à vitória numa primeira
volta de Marcelo, obrigando-o a uma segunda volta. Isto se a abstenção se der
sobretudo no eleitorado que tradicionalmente vota à direita. Marcelo esteve
assim, desde sempre, dependente da abstenção. Ou conseguia mobilizar todo o
eleitorado de direita e algum do centro ou a esquerda não conseguir mobilizar
todo o seu eleitorado. Um dos fantasmas, aliás, que o BE,. PCP e PS acenaram
repetidamente foi que a falta de mobilização à esquerda podia dar a vitória a
Marcelo Rebelo de Sousa.
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