domingo, 27 de março de 2016

Livrarias com livros e revistas proibidos na China saem do aeroporto de Hong Kong


Hong Kong, China, 27 mar (Lusa) - O número de livrarias no aeroporto de Hong Kong vai passar de 16 para dez em abril, estando previsto o encerramento de algumas lojas populares entre chineses por venderem livros e revistas proibidos na China continental.

A notícia está hoje no jornal South China Morning Post, de Hong Kong, que confirmou a redução do número de livrarias com as autoridades do aeroporto.

A administração do aeroporto justificou que há "mudanças nos hábitos" dos viajantes, referindo a influência da tecnologia, e rejeitou motivações políticas na decisão.

Segundo o South China Morning Post, duas das maiores livrarias do terminal de partidas do aeroporto, populares entre viajantes chineses, vão fechar e no seu lugar vão abrir lojas de roupa.

Uma delas pertencia à cadeia de Singapura Page One, que vai fechar todas as seis livrarias que tem no aeroporto de Hong Kong.

A outra grande loja era da cadeia francesa Relay, que tem dez livrarias no aeroporto, mas passará a ter apenas cinco em abril.

As restantes cinco livrarias passarão a ser de uma cadeia da China continental, Chung Hwa, "com forte 'background' da China continental", segundo explicou ao jornal Lisa Leung Yuk-ming, professora do departamento de estudos culturais de uma universidade de Hong Kong.

As licenças da Relay e da Page One para o aeroporto de Hong Kong terminam em abril.

Um porta-voz da Page One disse ao South China Morning Post que os novos espaços propostos pelo aeroporto não eram "adequados".

O jornal sublinha a coincidência destas mudanças no aeroporto de Hong Kong com a polémica em torno de cinco livreiros ligados a uma editora da cidade, conhecida por publicar livros críticos do regime de Pequim, que estiveram desparecidos durante meses.

Os homens desapareceram quando estavam em Hong Kong, Tailândia e na China continental.

Todos reapareceram depois sob tutela das autoridades chinesas, na China continental, não havendo registo, no caso dos dois que estavam em Hong Kong e na Tailândia, de quando e onde cruzaram a fronteira.

Todos surgiram também na televisão chinesa a confessar crimes ou terem ido à China voluntariamente para colaborar com investigações policiais.

Organizações de defesa dos direitos humanos, familiares e amigos consideram que as confissões foram feitas sob coação.

Alguns dos livreiros foram libertados, regressaram a Hong Kong para pedir às autoridades locais que deixem de investigar os respetivos desaparecimentos e regressaram quase de imediato ao interior da China.

MP // APN

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