Hong
Kong, China, 27 mar (Lusa) - O número de livrarias no aeroporto de Hong Kong
vai passar de 16 para dez em abril, estando previsto o encerramento de algumas
lojas populares entre chineses por venderem livros e revistas proibidos na
China continental.
A
notícia está hoje no jornal South China Morning Post, de Hong Kong, que
confirmou a redução do número de livrarias com as autoridades do aeroporto.
A
administração do aeroporto justificou que há "mudanças nos hábitos"
dos viajantes, referindo a influência da tecnologia, e rejeitou motivações
políticas na decisão.
Segundo
o South China Morning Post, duas das maiores livrarias do terminal de partidas
do aeroporto, populares entre viajantes chineses, vão fechar e no seu lugar vão
abrir lojas de roupa.
Uma
delas pertencia à cadeia de Singapura Page One, que vai fechar todas as seis
livrarias que tem no aeroporto de Hong Kong.
A
outra grande loja era da cadeia francesa Relay, que tem dez livrarias no
aeroporto, mas passará a ter apenas cinco em abril.
As
restantes cinco livrarias passarão a ser de uma cadeia da China continental,
Chung Hwa, "com forte 'background' da China continental", segundo
explicou ao jornal Lisa Leung Yuk-ming, professora do departamento de estudos
culturais de uma universidade de Hong Kong.
As
licenças da Relay e da Page One para o aeroporto de Hong Kong terminam em
abril.
Um
porta-voz da Page One disse ao South China Morning Post que os novos espaços
propostos pelo aeroporto não eram "adequados".
O
jornal sublinha a coincidência destas mudanças no aeroporto de Hong Kong com a
polémica em torno de cinco livreiros ligados a uma editora da cidade, conhecida
por publicar livros críticos do regime de Pequim, que estiveram desparecidos
durante meses.
Os
homens desapareceram quando estavam em Hong Kong, Tailândia e na China
continental.
Todos
reapareceram depois sob tutela das autoridades chinesas, na China continental,
não havendo registo, no caso dos dois que estavam em Hong Kong e na Tailândia,
de quando e onde cruzaram a fronteira.
Todos
surgiram também na televisão chinesa a confessar crimes ou terem ido à China
voluntariamente para colaborar com investigações policiais.
Organizações
de defesa dos direitos humanos, familiares e amigos consideram que as
confissões foram feitas sob coação.
Alguns
dos livreiros foram libertados, regressaram a Hong Kong para pedir às
autoridades locais que deixem de investigar os respetivos desaparecimentos e regressaram
quase de imediato ao interior da China.
MP
// APN
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