Macau,
China, 26 mar (Lusa) -- A Loja das Conservas abriu hoje em Macau, embarcando
numa primeira experiência além-mar, com a indústria a apontar a mira ao curioso
e exigente turista da Ásia e a preparar terreno para o imenso mercado da China.
"Os
asiáticos procuram cada vez mais produtos diferentes dos que estão habituados a
ver nos seus próprios mercados. São bastante curiosos e cada vez mais exigentes
na qualidade e nós vimos aí uma oportunidade de apresentar o nosso
produto", afirmou Sérgio Real, presidente da Associação Nacional dos
Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), que apadrinha o projeto, que agrupa
19 empresas conserveiras portuguesas.
A
inauguração oficial em Macau constitui uma dupla estreia para a Loja das
Conservas: trata-se da primeira loja fora de Lisboa e o primeiro espaço fora da
Europa (existem atualmente apenas 'corners' em cidades como Paris ou Viena).
A
escolha de Macau para a primeira experiência internacional prende-se com
"razões históricas", com a indústria conserveira portuguesa a
procurar lançar o anzol aproveitando o perfil dos milhões de turistas que
anualmente escolhem o território como destino.
"Esperamos
que seja do agrado do povo asiático", realçou Sérgio Real, à margem da
inauguração oficial da Loja das Conservas, de portas abertas no
"coração" da cidade.
O
objetivo é "atingir não só o mercado de Macau e de Hong Kong, mas também,
claro, entrar no mercado da China".
Embora
sem dados concretos sobre as exportações para Macau, um mercado onde peixe
português em lata deu à costa há largas décadas, Sérgio Real, cujo avô
"provavelmente terá sido das primeiras pessoas a trazer as conservas
portuguesas para o mercado asiático no início dos anos 50", tem a perceção
de que têm aumentado: "Pela nossa experiência [Sérgio Real é administrador
da conserveira A Poveira] e pela dos meus colegas estão a crescer".
A
indústria conserveira portuguesa tem atualmente como principais mercados de
exportação na Europa países como França e Inglaterra e também Espanha,
sobressaindo-se no resto do mundo em destinos como Estados Unidos, África do
Sul e o Canadá.
Com
mais de 160 anos de história, a indústria conserveira portuguesa, que
atualmente emprega diretamente mais de 3.500 pessoas da Póvoa de Varzim a
Olhão, "teve sempre os seus momentos de glória e os seus momentos de
crise", e apesar de hoje ter menos unidades fabris do que em finais dos
anos 30, por exemplo, produz muito mais, encontra-se melhor apetrechada e
"em constante expansão", avaliou Sérgio Real.
"Estamos
já com projetos para abrir outras lojas noutros mercados", indicou,
avançando a intenção de abrir um espaço no mercado americano, talvez ainda este
ano, com Nova Iorque a surgir no horizonte.
Embora
inicialmente a ideia subjacente à Loja das Conservas em Lisboa assentasse no
consumo externo, o presidente da ANICP nota que "o povo português também
está a começar a redescobrir as conservas", deixando de a ver como
"prato de recurso".
Tanto
que "muito em breve" a Loja das Conservas vai abrir portas no Porto,
adiantou Sérgio Real.
"O
próprio mercado português está a crescer imenso e um dos nossos objetivos é
também, de certa forma, substituirmos as importações por produto
nacional", afirmou.
Embora
a importação no caso da sardinha seja "bastante residual", no caso do
atum -- o produto enlatado que mais se consome -- é "enorme": São
quase cem milhões de euros, o que é um número assustador e que bem poderia ser
substituído pela indústria nacional".
A
Loja das Conservas, que conta com mais de 300 produtos, abriu hoje com uma
cerimónia tradicional entre o Oriente e o Ocidente, em que o folclore português
se cruzou com a tradicional dança do leão, antes de terminar com um leitão
trinchado à maneira de Macau.
DM
// APN
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