Macau,
China, 08 abr (Lusa) -- Xu Yixing, professora da Universidade de Estudos
Internacionais de Xangai, considera que o português vai continuar a crescer na
China e que o leque de motivações se tem alargado, apesar de imperar o fator
económico.
"Acho
que vai crescer ainda mais, porque agora o governo chinês está a promover a
divulgação das línguas minoritárias -- digamos assim -- embora o português já
não o seja assim tanto. Por exemplo, estamos a ver um empenho no sentido de
mandar alunos ou de atribuir bolsas de estudo" para quem quer aprender
português, italiano, grego ou holandês, observou, à margem da Conferência
Internacional sobre Ensino e Aprendizagem de Português como Língua Estrangeira,
que decorre na Universidade de Macau.
Apesar
disso, a professora que recebeu, no ano passado, a insígnia de Comendador da
Ordem de Mérito das mãos do embaixador de Portugal na China, em nome do
Presidente da República, não constata um aumento muito expressivo na
Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai.
"Em
comparação com os anos anteriores não estamos a notar um crescimento muito
grande", mas isso, ressalva, pode também ter uma outra explicação: o
controlo do número de estudantes admitidos.
O
número é menor, "mas de boa qualidade", realçou a docente da Universidade
de Estudos Estrangeiros de Xangai, onde a oferta inclui licenciatura e
mestrado, frequentada atualmente, no seu conjunto, por um universo superior a
90 alunos.
Para
Xu Yixing existem "bastantes desafios" para quem ensina português
como língua estrangeira na China.
"Estamos
a enfrentar novos desafios com o aparecimento, a cada dia, de mais instituições
de ensino de língua portuguesa para os aprendentes chineses. Agora, na China já
há mais de 30 instituições que têm o curso de licenciatura em português ou como
[disciplina de] opção", afirmou.
Neste
sentido, "o mais importante" passa pela "colaboração entre todos
os docentes que ensinam português na China", destacou, dizendo que em face
de grande número de universidades é preciso controlar a qualidade.
"Também
queremos desenvolver ainda mais cooperação entre a China e os países de língua
portuguesa", realçou, dando conta de que a Universidade de Estudos
Estrangeiros de Xangai "está a desenvolver uma relação muito positiva de
cooperação com instituições portuguesas e brasileiras".
"Também
não queremos deixar os outros colegas de lado e estamos a tentar compartilhar
as informações e tentar organizar melhor a ida dos alunos para o
estrangeiro", salientou Xu Yixing, cuja universidade enviou no ano passado
22 alunos, com bolsas de estudo do governo chinês, para Portugal e Brasil.
A
lecionar há mais de duas décadas, a docente reconhece que a economia continua a
ser um dos "fatores mais importantes" para quem decide aprender
português na China, mas fala de casos de alunos que manifestam outros
interesses como o "futebol" ou a "cultura do café".
Já
para o vice-diretor da Faculdade de Espanhol e Português da Universidade de
Estudos Estrangeiros de Pequim, Ye Zhiliang, o ensino do português na China tem
"vários desafios", mas existe um "problema crónico": a
falta de manuais didáticos.
"Felizmente,
nos últimos anos têm sido produzidos vários, tanto no continente [interior da
China] como aqui em Macau. E, às vezes também podemos aproveitar os manuais
produzidos em Portugal e no Brasil. Só que, neste momento, os manuais
publicados são mais dirigidos para os níveis mais básicos", pelo que
"para os níveis mais avançados" há ainda "muito a fazer",
observou. Defendeu também ser necessária maior "preparação" do corpo
docente, atualmente "muito jovem".
Na
Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim a oferta também inclui
licenciatura e mestrado. Este último conta, porém, no máximo, com três alunos
por ano.
"É
que na China o ensino nível de mestrado é um bocado diferente daqui.
Normalmente um curso não tem muitos alunos para garantir a qualidade",
realçou.
DM
// APN
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