Sydney,
Austrália, 11 ago (Lusa) -- O ministro da Imigração australiano, Peter Dutton,
disse hoje que imigrantes nos centros de detenção que a Austrália tem em Nauru
e Papua Nova Guiné fizeram falsas denúncias para conseguirem asilo no país
oceânico.
As
declarações de Peter Dutton surgem um dia depois de terem sido divulgados mais
de 2.000 relatórios de incidentes que detalham casos de violência sexual e
ameaças contra mulheres e autoagressões entre os imigrantes detidos no centro
de Nauru.
"Foi
informado de que alguns incidentes contêm falsas acusações de agressão sexual,
porque, no final, estas pessoas pagaram a contrabandistas para vir para o nosso
país (...). Algumas pessoas inclusivamente chegaram ao extremo da automutilação
para chegar à Austrália", disse Dutton à rádio 2 GB.
O
ministro disse ainda que as denúncias devem ser investigadas pelas autoridades
de Nauru.
Os
documentos publicados na quarta-feira pela edição australiana do diário The
Guardian, detalham abusos e traumas em crianças e mulheres detidas no centro
para imigrantes que a Austrália detém na vizinha república de Nauru.
Os
documentos descrevem numerosos casos de agressões sexuais, em especial contra
jovens prisioneiras, perpetradas por guardas, outros prisioneiros ou cidadãos
locais.
Mais
de uma centena de relatórios, segundo a fonte, descrevem casos de
automutilações entre os detidos, incluindo tentativas de suicídio.
Os
"relatórios de incidentes" agora conhecidos foram escritos entre maio
de 2013 e outubro de 2015 por empregados das empresas que administram os
centros.
A
Austrália reativou em 2012 a sua política para a tramitação em países terceiros
dos pedidos de imigrantes que viajam para a Austrália em busca de asilo e
acordou a abertura de centros de detenção na Papua Nova Guiné e Nauru.
Num
relatório recente, a Human Right Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI)
denunciaram que cerca de 1.200 requerentes de asilo, incluindo mulheres e
crianças, que foram transferidos pela Austrália para Nauru são vítimas de
abusos graves, maus tratos e negligência.
Muitos
dos imigrantes que as autoridades australianas intercetam fugiram de conflitos
como os de Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e Síria e outros escaparam
da discriminação ou da condição de apátridas, como as minorias rohinya, da
Birmânia, ou bidun, da região do Golfo.
FV
(DM) // SB
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