domingo, 2 de outubro de 2016

Centenas de pessoas nas ruas de Macau em protestos no Dia Nacional da China


Macau, China, 01 out (Lusa) - Perto de mil pessoas, segundo a polícia, manifestaram-se em Macau hoje, Dia Nacional da China, com diversas reivindicações, mas nenhuma delas relacionada com questões políticas e as liberdades no território, como aconteceu em Hong Kong.

Foram quatro as associações que se manifestaram hoje em Macau: Associação Poder do Povo, Associação de Armação de Ferro e Aço de Macau, Associação de Ativismo para a Democracia e Associação de Proprietários de Pearl Horizon.
As três primeiras saíram à rua e entregaram uma petição na sede do Governo local a pedir menos trabalhadores não residentes em Macau.

Já a Associação de Proprietários de Pearl Horizon é formada por compradores de casas da urbanização Pearl Horizon, que não foi construída no prazo dado ao promotor do projeto, tendo o Governo de Macau decidido recuperar os terrenos.

Os membros desta associação pedem ao Governo para intervir no processo, de forma a recuperarem o investimento que já haviam feito.

Num comunicado divulgado após o protesto, o executivo de Macau lembra que o promotor do projeto recorreu da decisão do Governo, pelo que se aguarda neste momento uma decisão dos tribunais.

"O Governo só pode esperar pelo resultado da ação [judicial] para poder elaborar a proposta final e neste momento não tem fundamento tanto jurídico como factual para tomar qualquer decisão. O Governo reafirma que este Governo irá investir todos os esforços para salvaguardar os interesses legítimos dos proprietários dentro das normas jurídicas, seja qual for o resultado da ação judicial", acrescenta o texto.

Segundo dados da polícia citados pelos meios de comunicação de Macau, esta foi a manifestação em que estiveram mais pessoas hoje: cerca de 600. Já os organizadores falam em mil.

Quanto aos outros protestos, a polícia estimou que contaram com cerca de 300 pessoas no seu conjunto.

Macau e Hong Kong são as duas regiões da China com administração especial, ou seja, onde há liberdades que não existem no resto do país.

Durante a cerimónia oficial que, em Hong Kong, assinalou hoje o 67.º aniversário da República Popular da China, o chefe do executivo local foi interrompido por protestos enquanto discursava por deputados pró-democracia, que gritaram palavras de ordem a pedir a sua demissão, antes de serem retirados pelos seguranças.

Vários novos deputados que ganharam assento no Conselho Legislativo (LegCo) nas eleições de setembro e que apelam para a autodeterminação e mesmo independência de Hong Kong boicotaram o evento.

Desde as manifestações pró-democracia e ocupação das ruas em 2014 em Hong Kong, uma nova vaga de grupos designados 'localists' aumentou os pedidos de rutura em relação à China.

Longas faixas vermelhas com mensagens a apelar para a independência de Hong Kong foram penduradas em edifícios de várias universidades na cidade hoje.

Um grupo de manifestantes, liderado pelo deputado radical Leung Kwok-hung, conhecido como "Long Hair" ("Cabelo Comprido"), reuniu-se fora do centro de convenções onde decorriam as celebrações e pediu a libertação de presos políticos na China.

MP (FV) // CSJ – Foto: Carmo Correia / EPA

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