Díli,
10 mar (Lusa) - Ângela Freitas diz que está na altura da maioria da população
timorense, as mulheres, elegerem uma mulher como Presidente da República, uma
"mãe" que quer unir os filhos separados pela ideologia e as
diferenças políticas nos últimos anos.
"Já
é tempo para as mulheres apoiarem a minha candidatura. Já é tempo para as
mulheres apoiarem uma mãe que pode assegurar os seus direitos neste país onde o
problema mais grave é a violência doméstica", disse em entrevista à Lusa.
"Apoiar
a mãe para poder assegurar e criar uma oportunidade para a maioria, a mulher,
participar no palco político", explicou.
Presidente
do Partido Trabalhista (PT) - força política com a qual integrou a Assembleia
Constituinte timorense - Ângela Freitas, 47 anos, diz que Timor-Leste precisa
de uma mãe capaz de "reunir os filhos separados por causa da diferença de
ideologia política".
"Temos
muitos partidos políticos e organizações e isso causa muita confusão dentro
desse país para o povo. Queremos reunir a unidade nacional para podermos
trabalhar juntamente e desenvolver esse país", afirmou.
Única
mulher entre os oito candidatos presidenciais, Ângela Freitas diz que quer ser
um presidente "com honestidade e responsabilidade pelo povo"
afirmando que o chefe de Estado tem espaço para intervir "em defesa do
interesse do povo".
Uma
voz crítica, com um discurso ao mesmo tempo feminista mas também conservador -
quer mais papel para a igreja no Estado, especialmente nas áreas de educação e
saúde - Freitas considera que, "sem a intervenção da igreja, não se
conseguiria alcançar a vitória da independência" e que a qualidade
educativa nas escolas religiosas "era muito melhor".
Acusando
os líderes políticos de "falta de coragem para tomar decisões", diz
que muito do que ocorre no país é motivado "mais pelo interesse do
indivíduo, de grupos e partidos". Aponta o dedo "não a Xanana Gusmão,
que tem um bom coração e quer bem a este país" mas aos "lacaios que
trabalham ao seu lado, que não têm honestidade e responsabilidade nenhum para
executar as suas funções, para servir esse povo".
Apesar
de reconhecer que o chefe de Estado não tem poder executivos, explica que faz
campanha com um "master plan" para os programas prioritários do país
- agricultura, pecuária, pesca e infraestruturas" - e que o Presidente tem
um importante papel de comunicação e de cooperação com o Governo.
"A
minha candidatura dá voz ao povo, que até à data não encontra justiça. Por isso
é importante promover justiça e juntar as forças para defender o que é bom para
o povo. Trabalhar e sacrificar a minha vida para mudar o sistema de governação
que não condiz com a situação real dentro do país", afirmou.
Freitas
quer eliminar o português como língua oficial, opção que diz "não condiz
com o interesse do povo" porque a "maioria do povo não lê e escreve
português" e deve aprender como língua oficial apenas o tétum.
Em
termos gerais considera que tem havido falta de comunicação entre as
instituições do Estado e que nem sempre se colocam as pessoas mais competentes
nos cargos e defende uma mensagem de "unidade nacional e
estabilidade", sem a qual não há desenvolvimento.
Na
agenda de Ângela Freitas continua um dos momentos mais tensos dos últimos anos,
a operação conjunta das forças de segurança timorenses para capturar o
ex-comandante timorense Mauk Moruk, que acabou morto numa troca de tiros.
Líder
do Conselho da Revolução Maubere (CRM), Mauk Moruk, e o seu número dois foram
mortos a 08 de agosto de 2015 numa troca de tiros com efetivos das forças de
segurança timorenses que os perseguiam desde março.
Moruk
estava a ser perseguido pela polícia e pelas forças armadas de Timor-Leste na
operação de nome código Hanita, e que se saldou com centenas de detenções e
sete feridos entre as forças de segurança.
Angela
Freitas diz que "o povo continua a exigir justiça justa para este
caso" que constitui "um crime grave", devendo o Estado
"responsabilizar-se pelos atos criminosos que foram cometidos".
"Temos
que saber quem foi o autor material do crime, e determinar as responsabilidades
a quem deu a instrução para estabelecer uma força conjunta para matar o
comandante", disse.
"O
que aconteceu ao comandante Mauk Moruk é um caso político. Quem tem
responsabilidade, a começar pelo Presidente, Governo, Parlamento Nacional e
tribunal. Porque foram quatro instituições que aprovaram essa operação
conjunta. A justiça tem que andar", afirmou.
ASP
// PJA - Foto@
Lim Choi /Arquivo Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário