Díli,
17 mar (Lusa) - A eurodeputada portuguesa Ana Gomes considerou hoje
"absolutamente notável" o caminho que os timorenses fizeram desde a
restauração da independência em 2002, descrevendo positivamente o facto de o
país estar a organizar pela primeira vez sozinho as eleições presidenciais.
"É
um assumir da vontade de assegurar eleições limpas, corretas pela parte
timorense. E esse assumir de responsabilidades é positivo", disse à Lusa à
chegada a Díli onde lidera a missão de observadores do Parlamento Europeu às
presidenciais de segunda-feira.
As
eleições de segunda-feira, em que participam oito candidatos, são as primeiras
que as autoridades timorenses organizam sem a assistência técnica das Nações
Unidas, que apoiou os votos presidenciais de 2002, 2007 e 2012.
"Os
timorenses têm já uma grande experiência e uma das coisas positivas que sempre
saliento é que sempre houve vontade de corrigir o que havia a corrigir e de
aprender. Uma das razões que sempre tornou as missões eleitorais muito
compensadoras foi que sempre houve uma grande vontade de aprender e de escutar
as recomendações que as missões de observação eleitoral fizeram a Timor. Isso é
positivo", afirmou.
Com
uma ligação especial a Timor-Leste - estava destacada como embaixadora de
Portugal em Jakarta em 1999 quando os timorenses votaram pela independência -
Ana Gomes disse a visita é também uma oportunidade para ver como o país está a
evoluir.
"Venho
sempre com muita satisfação pessoal a Timor. Sei que os processos de
desenvolvimento, de consolidação nunca são lineares, mas quando olho para trás
é absolutamente notável o caminho que os timorenses percorreram nestes anos da
independência", disse.
Pela
primeira vez em Timor-Leste está Marisa Matias, a outra eurodeputada portuguesa
que integra a delegação de sete membros do parlamento europeu destacados em
Timor-Leste para a observação eleitoral.
"Ainda
que a nacionalidade dos eurodeputados não seja determinante é importante por
razões de conhecimento da história, do terreno, daquela que tem sido a situação
politica nos últimos anos", afirmou à Lusa á chegada a Timor-Leste.
"Sendo
as primeiras eleições em que não há acompanhamento das Nações Unidas, e tendo
sido requerida a participação da UE pelas autoridades timorenses, ter
portuguesas é uma vantagem sendo que uma delas é a Ana Gomes, uma vantagem
acrescida", disse.
Marisa
Matias, que vai acompanhar o processo eleitoral na segunda cidade timorense,
Baucau, considerou positivo que a campanha esteja a decorrer praticamente sem
incidentes.
Além
das duas eurodeputadas portuguesas chegou hoje a Díli o espanhol Javier Nart.
No
sábado, já em período de reflexão, chegam a Timor-Leste os outros quatro
eurodeputados que integram a missão, o italiano Ignazio Corrao, o alemão
Joachin Zeller, o espanhol Juan Fernando López Aguilar e a letã Inese Vaidere.
Os
sete eurodeputados, entre os quais se conta a bloquista Marisa Martins, têm
previsto encontros com os oito candidatos presidenciais e ainda com autoridades
timorenses, partidos políticos e representantes da sociedade civil.
Na
agenda dos eurodeputados estão também encontros com o Presidente da República
Taur Matan Ruak, o primeiro-ministro Rui Maria de Araújo e os ex-Presidentes
Xanana Gusmão e José Ramos-Horta.
Na
segunda-feira, dia da votação, os eurodeputados asseguram a observação de urnas
em Díli e nas localidades de Liquiçá, Manatuto, Metinaro e Baucau.
Os
eurodeputados juntam-se a uma equipa de 16 observadores que começaram no dia 24
de fevereiro a instalar-se em oito municípios de Timor-Leste, de onde acompanharão
nos próximos meses as eleições presidenciais e legislativas do país.
Estes
observadores, a que se junta ainda uma equipa de sete especialistas eleitorais,
fazem parte da missão oficial de observação da UE, liderada pela eurodeputada
basca Izaskun Bilbao Barandica.
ASP
// SB
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