sexta-feira, 17 de março de 2017

Ana Gomes saúde "caminho notável" dos timorenses desde independência

Díli, 17 mar (Lusa) - A eurodeputada portuguesa Ana Gomes considerou hoje "absolutamente notável" o caminho que os timorenses fizeram desde a restauração da independência em 2002, descrevendo positivamente o facto de o país estar a organizar pela primeira vez sozinho as eleições presidenciais.

"É um assumir da vontade de assegurar eleições limpas, corretas pela parte timorense. E esse assumir de responsabilidades é positivo", disse à Lusa à chegada a Díli onde lidera a missão de observadores do Parlamento Europeu às presidenciais de segunda-feira.

As eleições de segunda-feira, em que participam oito candidatos, são as primeiras que as autoridades timorenses organizam sem a assistência técnica das Nações Unidas, que apoiou os votos presidenciais de 2002, 2007 e 2012.

"Os timorenses têm já uma grande experiência e uma das coisas positivas que sempre saliento é que sempre houve vontade de corrigir o que havia a corrigir e de aprender. Uma das razões que sempre tornou as missões eleitorais muito compensadoras foi que sempre houve uma grande vontade de aprender e de escutar as recomendações que as missões de observação eleitoral fizeram a Timor. Isso é positivo", afirmou.

Com uma ligação especial a Timor-Leste - estava destacada como embaixadora de Portugal em Jakarta em 1999 quando os timorenses votaram pela independência - Ana Gomes disse a visita é também uma oportunidade para ver como o país está a evoluir.

"Venho sempre com muita satisfação pessoal a Timor. Sei que os processos de desenvolvimento, de consolidação nunca são lineares, mas quando olho para trás é absolutamente notável o caminho que os timorenses percorreram nestes anos da independência", disse.

Pela primeira vez em Timor-Leste está Marisa Matias, a outra eurodeputada portuguesa que integra a delegação de sete membros do parlamento europeu destacados em Timor-Leste para a observação eleitoral.

"Ainda que a nacionalidade dos eurodeputados não seja determinante é importante por razões de conhecimento da história, do terreno, daquela que tem sido a situação politica nos últimos anos", afirmou à Lusa á chegada a Timor-Leste.

"Sendo as primeiras eleições em que não há acompanhamento das Nações Unidas, e tendo sido requerida a participação da UE pelas autoridades timorenses, ter portuguesas é uma vantagem sendo que uma delas é a Ana Gomes, uma vantagem acrescida", disse.

Marisa Matias, que vai acompanhar o processo eleitoral na segunda cidade timorense, Baucau, considerou positivo que a campanha esteja a decorrer praticamente sem incidentes.

Além das duas eurodeputadas portuguesas chegou hoje a Díli o espanhol Javier Nart.

No sábado, já em período de reflexão, chegam a Timor-Leste os outros quatro eurodeputados que integram a missão, o italiano Ignazio Corrao, o alemão Joachin Zeller, o espanhol Juan Fernando López Aguilar e a letã Inese Vaidere.

Os sete eurodeputados, entre os quais se conta a bloquista Marisa Martins, têm previsto encontros com os oito candidatos presidenciais e ainda com autoridades timorenses, partidos políticos e representantes da sociedade civil.

Na agenda dos eurodeputados estão também encontros com o Presidente da República Taur Matan Ruak, o primeiro-ministro Rui Maria de Araújo e os ex-Presidentes Xanana Gusmão e José Ramos-Horta.

Na segunda-feira, dia da votação, os eurodeputados asseguram a observação de urnas em Díli e nas localidades de Liquiçá, Manatuto, Metinaro e Baucau.

Os eurodeputados juntam-se a uma equipa de 16 observadores que começaram no dia 24 de fevereiro a instalar-se em oito municípios de Timor-Leste, de onde acompanharão nos próximos meses as eleições presidenciais e legislativas do país.

Estes observadores, a que se junta ainda uma equipa de sete especialistas eleitorais, fazem parte da missão oficial de observação da UE, liderada pela eurodeputada basca Izaskun Bilbao Barandica.

ASP // SB

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