Díli,
03 jul (Lusa) - O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense
disse hoje estar em estudo uma eventual denúncia junto do Ministério Público
para investigar 'sites' e páginas digitais de noticias falsas sobre a campanha
para as legislativas.
"Estamos
preocupados com esta situação e estamos a estudar apresentar uma denúncia junto
do Ministério Público ou da polícia para investigar quem são os autores deste
tipo de atos", disse à agência Lusa Alcino Baris.
"Consideramos
que este tipo de atos prejudicam a estabilidade própria desta fase da campanha
e, por isso, estamos a pensar apresentar uma denúncia para apurar os
autores" afirmou.
Pela
primeira vez, numa campanha política em Timor-Leste, as redes sociais têm sido
inundadas de notícias falsas, muitas alegando apresentar informação sobre
declarações que líderes dos principais partidos, CNRT e Fretilin, teriam feito
em comícios ou encontros.
As
notícias sugerem ter havido críticas mútuas entre os líderes dos partidos -
cujo relacionamento é hoje mais próximo do que nunca - com os internautas em
redes como o Facebook a partilharem os textos centenas de vezes.
Em
muitos casos, os textos são partilhados por militantes de outras forças
políticas.
Um
dos casos mais polémicos é o blogue "politikatimor", que publica
notícias supostamente referentes à Fretilin e CNRT e que, na página na internet
mostra estar ligado ao 'site' Timor Au Nian Doben, que em 2015 já foi
investigado pelo Executivo.
Na
altura, o então diretor nacional da Polícia Científica de Investigação Criminal
(PCIC) Hermenegildo da Cruz disse que ter autorizado os investigadores a
realizar uma "investigação profunda sobre o 'website' Timor Au Nian
Doben", que existe desde 2010 e se tornou nos últimos anos um dos espaços
mais crítico do Governo.
"No
decurso dessa investigação identificámos que esse 'website' tem objetivos
provocativos, lança informações provocativas e também agita a situação, o que
não favorece a estabilidade. Lança informação e ataques contra a autoridade do
Estado e contra a liderança histórica do nosso país", afirmou.
Instada
a comentar a investigação, Zizi Pedruco, uma das responsáveis do Timor Au Nian
Doben disse à Lusa, a partir da Austrália, estar surpreendida com a
investigação, e considerou estar a ser alvo de intimidação.
"Se
queriam saber quem eu era poderiam perguntar ao primeiro-ministro ou a qualquer
outro governante. Alguns deles já usaram a nossa página para benefício próprio.
Não é difícil identificarem-me", afirmou.
"Eu
acho que é uma campanha de intimidação, para nos calarem, mas é vergonhosa,
porque há não muito tempo éramos nós quem estávamos a denunciar os indonésios a
fazerem isto mesmo contra os timorenses", disse.
Timor-Leste
é um dos países onde as redes sociais, nomeadamente o Facebook, e plataformas de
comunicação como o Whatsapp têm mais importância, com o acesso à internet a
existir já em todos os municípios do país.
O
acesso à internet é mais fácil do que aos órgãos de comunicação social
convencionais, levando a que as redes sociais, ou outras plataformas, se tornem
espaços privilegiados de diálogo e debate, inclusive político.
A
empresa Timor Social, que trabalha no desenvolvimento de estratégias de
comunicação nas redes sociais, estima que um terço da população do país (cerca
de 400 mil timorenses) tenham perfis ativos nas redes sociais, em particular,
no Facebook.
ASP
//EJ
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