quinta-feira, 31 de agosto de 2017

AVC | É SEMPRE A MESMA COISA

Uma professora portuguesa em Díli à espera de transporte (avião) ou da morte, que é o que pode infelizmente acontecer. A situação persiste há vários dias, lê-se na notícia em título a seguir. A docente foi vítima de um AVC. O hospital de Díli sofre de carências gritantes, todos sabemos. O setor da saúde em Timor-Leste é extremamente deficitário das condições técnicas e médicas ideais e recomendadas para estes casos e muitos outros.

É sempre a mesma coisa.

É evidente que se no lugar da professora o mesmo acontecesse a alguém do governo português em visita a Timor-Leste já teria voado pelo menos para os cuidados de saúde adequados em Singapura e seguidamente voaria para Portugal nas devidas condições que o caso clínico merecesse. Mas afinal a paciente é só uma professora… Se fosse um servente da construção civil ou algo ainda mais “rasca” até já teria morrido por falta de cuidados clínicos…

É sempre a mesma coisa…

A companhia de seguros, a Ageas, não age. De desculpa em desculpa lá vai deixando a paciente naquele mundo hospitalar deficitário, talvez à espera que o Maromac (Deus) dos timorenses interceda e opere um teletransporte para a professora doente. A justificação é a falta de um relatório clínico do hospital de Díli que ainda não chegou à seguradora… Entretanto a professora pode sofrer e até morrer à vontade da burocracia.

É sempre a mesma coisa…

A notícia está a ser mitigada pela comunicação social de Portugal e veiculada por fontes sindicais e familiares em Portugal, não pela Lusa no terreno do país do Sol Nascente que quando nasce não é para todos. Provavelmente a Lusa destinou férias neste mês aos profissionais que supostamente ali devia de ter. Acontece bastante. E nem se dá ao “luxo” de substituir um jornalista por outro, que lhe faça esse tempo de férias. A Lusa, em Timor-Leste, é como os pisca-pisca. Ora tem lá um jornalista, ora não tem. Ora há notícias em português sobre a atualidade timorense, ora não há. Muito tem acontecido em Timor-Leste que a Lusa devia cobrir e informar, mas não. Férias são férias e substituir um jornalista sai muito caro. Assim, a Lusa opta por não informar, assumindo-se como uma Agência Pisca-Pisca de Notícias. E a responsabilidade desta bagunça não é dos jornalistas mas sim daqueles que decidem, têm vencimentos  e mordomias dantescas… e nada produzem.

A atualidade timorense está em polvorosa. Portugueses foram condenados a prisão pelo tribunal de Díli. Após eleições em 22 de Julho as negociações para formar governo já duram há seis semanas e ainda não existem certezas, ainda não existe governo, os estudantes universitários timorenses protestaram contra uma mordomia dos deputados que recebem uma viatura no início dos seus mandatos. As viaturas anteriores são leiloadas num convite à corrupção (segundo afirmam especialistas). Mais de uma dezena de estudantes foram presos, o ministro da Administração Interna ordenou à polícia que usasse a força, e a polícia usou… exageradamente, submissa às ordens superiores (nem que fosse preciso). Mais casos seriam motivo para informação da Lusa em Timor-Leste, em português… Principalmente num país em que a informação que existe pela comunicação social doméstica é expressa em tétum – sua língua Pátria.

Em português a avultada maioria da atualidade timorense não existe. Talvez a Lusa possa recomendar e subsidiar na totalidade cursos em tétum para portugueses em Portugal e pelo mundo. Àqueles que queiram saber sobre a atualidade timorense, como a de Cabo Verde, Angola, São Tomé, etc. – países da lusofonia – que se atualizam lendo em tétum nos jornais online timorenses que abundam e estão a ficar cada vez melhores, ao contrário da Lusa em Timor-Leste.

E diz a Lusa ser um veículo em defesa da lusofonia… Exceto nas férias e em outras ocasiões. A Lusa também sofre sistemáticos AVCs, quando será que fenece ou se cura?

E o SAPO TL em português e em tétum? Ora, nasceu experiência e continua experiência. Uma experiência limitadíssima, em velocidade pára-arranca, pisca-pisca, como a Lusa. Em férias e em fim-de-semana “lahia”, que o mesmo é dizer: não há.

Deviam ter o aviso no cabeçalho: “Pedimos desculpa pelas interrupções, a experiência pisca-pisca segue dentro de alguns dias ou semanas”. Assim, ao menos, davam uma de honestidade para com os leitores.

É sempre a mesma coisa… Até quando?

MM = AV | TA

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