Díli,
18 ago (Lusa) - O CNRT, segundo partido timorense, vai ser uma "oposição
construtiva" no Parlamento Nacional, onde apoiará a próxima coligação de
Governo, liderada pela Fretilin, em assuntos de interesse nacional e de Estado,
garantiram os líderes dos dois partidos.
"O
CNRT tomou a decisão de ser uma oposição construtiva mas também foi dada a
garantia de que em assuntos de interesse nacional e de Estado apoiarão o
Governo para garantir a estabilidade. A Fretilin respeita a decisão, num
principio de incidência parlamentar, a bem do futuro do país", disse aos
jornalistas o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri.
Xanana
Gusmão, presidente do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT),
saudou o facto da Fretilin respeitar a decisão do seu partido se manter na
oposição.
"Mas
em questões de interesse nacional queremos contribuir positiva e
construtivamente. É uma política que temos vindo a seguir desde 2013 em que
discutíamos os problemas e procurávamos consenso", afirmou ainda.
Mari
Alkatiri e Xanana Gusmão falavam aos jornalistas depois de uma reunião de cerca
de 80 minutos de delegações dos dois partidos mais votados nas legislativas, a
Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Congresso
Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
Alkatiri
confirmou que os três partidos que vão formar a coligação de governação -
Fretilin, Partido Libertação Popular (PLP) e Kmanek Haburas Unidade Nacional
Timor Oan (KHUNTO) - decidiram já, em conjunto, que Xanana Gusmão e a sua
equipa continuarão a liderar as negociações com a Austrália sobre fronteiras
marítimas.
"Esta
posição não é da Fretilin é da coligação. Não vamos mudar o chefe de equipa,
não vamos mudar a equipa", afirmou Mari Alkatiri.
"É
um assunto complexo e agradeço imenso a confiança que a coligação depositou em
mim, declarando que vou continuar e no dia 22 sigo para uma nova ronda
negocial", acrescentou Xanana Gusmão.
Questionado
pela Lusa sobre receios de que militantes ou apoiantes do CNRT que estão na
administração publica possam fazer bloqueio à ação da coligação de Governo,
Xanana Gusmão garantiu que o partido estará atento a essa questão.
"Tudo
faremos para que isso não aconteça e ainda hoje falamos sobre isto, porque o
nosso Estado é um Estado ainda frágil e por isso todo esforço que a Fretilin
está a fazer - e para que nós estamos a tentar contribuir ao máximo - é para
garantir uma transição democrática", disse Xanana Gusmão.
"Queremos
que a cultura democrática seja sólida. Temos aqui uma sociedade ainda muito
necessitada e temos que atuar nisto", considerou ainda.
Questionados
sobre o facto do resultado eleitoral - os dois partidos tiveram uma diferença
de menos de 0,3 pontos percentuais - ter sido aceite por todos sem qualquer
polémica, ambos reiteraram o seu empenho na estabilidade.
"Não
queremos dar lições a ninguém. A nossa contribuição é para resolver os nossos
problemas", disse Alkatiri. "Se isso puder ser aproveitado por outros
países, mais frágeis que nós, ficamos imensamente satisfeitos",
acrescentou Xanana Gusmão.
A
reunião de hoje das lideranças dos dois partidos foi a primeira desde as
eleições em que participou Xanana Gusmão.
Mari
Alkatiri e Xanana Gusmão encontraram-se pela primeira desde as eleições de 22
de julho na passada segunda-feira, num encontro convocado pelo Presidente da
República, Francisco Guterres Lu-Olo, que decorreu sem imagens ou declarações
aos jornalistas, que foram impedidos de entrar no complexo da Presidência.
Encontros
técnicos estão a decorrer hoje e sábado para definir organigrama, formato e
outros aspetos do Governo devendo uma delegação dos líderes da Fretilin, PLP e
KHUNTO apresentar na terça-feira ao Presidente da República o nome do próximo
primeiro-ministro.
Tudo
indica que esse cargo deverá ser ocupado por Mari Alkatiri, secretário-geral da
Fretilin.
A
composição do Governo deverá ser conhecida na semana seguinte e a tomada de
posse deverá ocorrer nos primeiros 10 dias de setembro.
ASP
// SB
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