Díli,
04 ago (Lusa) - Xanana Gusmão disse hoje que o CNRT tem que analisar as causas
do fracasso eleitoral nas legislativas em Timor-Leste, sobretudo nos municípios
onde sofreu "pesadas derrotas", para poder consolidar-se e reforçar a
sua capacidade política.
Num
discurso em que anunciou a sua demissão como presidente do partido e em que
defendeu que o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) deve ser
oposição e não integrar qualquer coligação de Governo, Xanana Gusmão pediu um
debate como "espírito de honestidade" e clareza".
"Haverá
tempo e espaço para que todos possam fazer um relatório sobre a situação,
dificuldades ou problemas que cada um enfrentou", declarou na abertura de
uma conferência que vai agora decorrer, à porta fechada, até domingo.
"Pediria
que os debates alimentem o espírito de honestidade e que os problemas sejam
postos com clareza, para que, depois de conhecermos todos as verdadeiras causas
do fracasso, cada um possa refletir, com consciência e sinceridade, sobre os
seus atos e possa assumir eventualmente as suas responsabilidades", disse.
Recorde-se
que o CNRT passou de partido mais votado - com 30 lugares no parlamento - para
segundo mais votado, atrás da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin) - perdendo oito lugares e mais de cinco mil votos.
Afirmando
que não pretende "atiçar críticas, que venham a pôr em causa ou
desvalorizem o trabalho de todos os quadros", Xanana Gusmão defendeu que é
preciso "uma análise profunda" sobre o que levou o CNRT a perder
votos face a 2012.
Entre
as causas para a redução de votantes, Xanana Gusmão disse que os militantes
podem não ter ido votar, que alguns mudaram de partido e que outros
desconheciam ou "não acreditam no programa" do partido.
"A
maioria do nosso povo não tem confiança no programa do partido. Este facto é,
legitimamente, um direito dessa maioria e o partido tem que respeitar essa
vontade, expressa no resultado das eleições", disse.
Xanana
Gusmão reconheceu ainda que o resultado mostra que o eleitorado timorense
"já não se deixa influenciar por 'figuras'", não respondendo com
votos quando "o CNRT tentou promover abusiva e enfadonhamente com 'Vivas
ao Maun Boot'", numa referência a si próprio.
"A
maioria do nosso Povo já sabe que o CNRT não tem capacidade para estar no
governo. O resultado das eleições foi um excelente teste à governação do CNRT,
durante estes 10 longos anos", sublinhou ainda.
O
até agora líder do CNRT explicou que desde a votação procurou fazer uma
"profunda reflexão sobre o resultado" das eleições e que chegou agora
a hora de ouvir "os pensamentos, os suspiros, os sentimentos" dos
restantes quadros do partido.
Xanana
Gusmão, que preside ao CNRT desde a fundação do partido em 2007, disse que o
encontro que decorre este fim de semana deve servir para tomar "decisões
importantes sobre o plano do partido para os próximos 5 anos".
Xanana
Gusmão felicitou o povo timorense "pela maturidade política, demonstrada
ao longo de um mês de campanhas políticas até ao dia das eleições e até
agora", símbolo de que "a paz e a estabilidade ganharam raízes
profundas" em Timor-Leste.
Felicitou
ainda os partidos políticos que atuaram com respeito pela democracia, afirmando
"os valores estabelecidos na Constituição, sobre tolerância, mútuo
respeito e, sobretudo, o respeito pela vontade soberana do povo".
Deixou
agradecimentos aos observadores e aos jornalistas nacionais e estrangeiros bem
como às forças de Defesa e Segurança e saudou o trabalho dos militantes e
dirigentes do partido no processo eleitoral.
ASP
// ANP
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