Pequim,
14 ago (Lusa) - A última sobrevivente do grupo de mulheres chinesas que
denunciou o exército japonês por usá-las como escravas sexuais na invasão da
China (1937-1945), durante a Segunda Guerra Mundial, morreu aos 90 anos,
anunciou hoje uma organização chinesa.
Huang
Youliang morreu no fim de semana, na sua casa em Yidui, na ilha meridional
chinesa de Hainan.
A
sua morte deixa "a China sem testemunhas para falar dessa parte da
História", destacou Mei Li, porta-voz da organização Hong Kong History Watch,
dedicada à lembrança desse obscuro episódio da ocupação japonesa.
A
idosa fazia parte de um grupo de 24 cidadãs chinesas que apresentaram uma
denúncia contra o Governo japonês pelos danos físicos e psicológicos que
sofreram quando foram forçadas a exercer a prostituição com soldados do
exército japonês, como outros milhares de mulheres dos países da Ásia Oriental
invadidos pelo Japão.
A
queixa, que pedia uma compensação de 215.000 dólares (182.200 euros), foi
apresentada em julho de 2001 perante um tribunal de Tóquio por sete mulheres do
grupo que viajaram para a capital japonesa, entre as quais Huang Youliang.
Os
tribunais japoneses reconheceram o dano sofrido pelas mulheres, mas alegaram
que o seu direito a solicitar uma compensação tinha expirado e que não era
admissível a apresentação de uma denúncia individual contra todo um Estado.
Huang
Youliang foi violada aos 15 anos, em outubro de 1941, quando as tropas
japonesas entraram no seu povoado e obrigaram-na a permanecer dois anos num
bordel, convertendo-se no que os soldados japoneses chamavam de "mulheres
de consolo".
Com
a sua morte, calcula-se que há pouco mais de uma dúzia de escravas sexuais
daquela época ainda a viver na China.
Estas
não fazem parte do grupo a que se juntou Huang Youliang para apresentar a
denúncia contra o Japão, já que algumas delas se negam a falar em público dos
traumas sofridos durante a guerra.
A
China e a Coreia do Sul estimam que cerca de 200 mil mulheres de cada um dos
países foram forçadas a exercer a prostituição durante a ocupação japonesa.
CSR
// EL
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