Díli,
24 ago (Lusa) - O ex-Presidente da República timorense, José Ramos-Horta,
considerou a condenação hoje do casal português Tiago e Fong Fong Guerra a uma
pena de oito anos de prisão, um dia "muito triste" para a justiça de
Timor-Leste.
"É
um dia muito triste para a justiça em Timor-Leste. Ainda acredito que o
Tribunal de Recurso vai repor a justiça", afirmou José Ramos-Horta numa
mensagem enviada à Lusa.
O
ex-chefe de Estado - que acompanhou pessoalmente várias das sessões do
julgamento no Tribunal de Díli - já no passado recente se tinha pronunciado
sobre o caso, que tem sido acompanhado de perto pela diplomacia internacional,
incluindo a portuguesa.
Numa
comentário na rede social Facebook, na semana passada José Ramos-Horta tinha
considerado que a família Guerra - que está há quase três anos impedida de sair
de Timor-Leste - já tinha sofrido demasiado por este caso.
"Os
meritíssimos Juízes do Tribunal Distrital de Díli fariam justiça na total
dimensão da Justiça se declararem o casal Guerra inocente. Fica aqui o meu
apelo como um dos Fundadores deste País e que sempre sonhou que no Timor-Leste
livre nós seriamos uma sociedade solidária e generosa, onde prevalece uma
Justiça verdadeira justa e não cega e cruel", escreveu.
Um
coletivo de juízes do Tribunal Distrital de Díli condenou hoje o casal de
portugueses Tiago e Fong Fong Guerra a oito anos de prisão efetiva e uma
indemnização de 859 mil dólares por peculato.
Depois
de vários atrasos e adiamentos a juíza Jacinta Costa, que preside ao coletivo
de juízes que ouviu o caso, leu o acórdão durante uma audiência que decorreu
hoje, com duas interrupções, na sala principal do tribunal de primeira
instância em Díli.
O
tribunal declarou os dois arguidos coautores do crime de peculato absolvendo-os
pelos crimes de branqueamento de capitais e falsificação documental de que eram
igualmente acusados.
"Os
arguidos prejudicaram as finanças e a economia do estado, e defraudaram o
estado de Timor. Atuaram de forma livre, deliberado e consciente, sabendo que
as suas condutas não eram permitidas por lei e que eram criminalmente
puníveis", disse a juíza que esteve durante mais de quatro horas a ler o
acórdão da acusação.
O
Ministério Público tinha pedido uma pena de prisão de oito anos pelos crimes e
a defesa tinha pedido absolvição.
A
defesa já recorreu da decisão considerando que o acórdão está "repleto de
contradições".
ASP
// EL
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