Adversários
com armas nucleares que combatem em territórios urbanos podem causar uma crise
humanitária inimaginável. Mas o cenário pode ser ainda pior se se desencadear
uma guerra entre a China e os EUA, afirma a publicação The National Interest.
A
China e os EUA poderiam não ter entrado em guerra em 1950. A guerra surgiu
nomeadamente como resultado de um erro de cálculo das intenções e capacidades
da China pelos EUA: os EUA falharam em detectar o deslocamento do exército
chinês para o território da Coreia, não prestaram a atenção suficiente para os
sinais da China e não perceberam os esforços diplomáticos do país, acrescentou
Robert Farley no seu artigo do The National Interest.
Assim,
a intervenção chinesa se tornou uma surpresa, afirma o autor. A primeira Guerra
da Coreia não funcionou bem para nenhum país, embora os EUA e a China tivessem
conseguido manter a independência de seus "fantoches".
A
Guerra da Coreia pode se desencadear de novo por vários motivos. A queda do
regime norte-coreano pode provocar uma competição por Pyongayng que, por sua
vez, pode desencadear um conflito entre as duas potências militares,
afirma Robert Farley.
É
pouco possível que a China considere a resposta dos EUA a um ataque
norte-coreano como um motivo legítimo para a guerra, a menos que tal resposta
ultrapasse certas linhas vermelhas.
O
analista do The National Interest aponta que Pequim não quer ver as tropas
norte-americanas ao longo do rio Yalu. Além disso, ele aponta que a China pode
encarar um ataque dos EUA à Coreia do Norte como um sinal de uma agressão
incorrigível, a evidência de que os EUA são um verdadeiro “Estado pária”, que
pode ou não atacar a China no futuro.
Como
prelúdio da intervenção, a China vai começar mostrando seu descontentamento
através de preparativos militares, bem como de condenações diplomáticas,
sublinha ele. A administração Trump enfrenta riscos de uma interpretação errada
de declarações da China, tal como aconteceu em 1950. Os EUA podem classificar
estes sinais como a indicação da disposição chinesa de se comprometer ou podem
não os entender.
Ao
mesmo tempo, de acordo com Farley, se Pequim for sério, começaria a
retirar os seus sistemas de longo alcance da fronteira com a Coreia do Norte
para locais mais seguros no interior do país.
Se
a guerra começar com uma resposta chinesa a uma provocação dos EUA, a China vai
inicialmente limitar as suas atividades à península da Coreia. Pequim
poderá querer enviar uma mensagem de seriedade para Washington sem desencadear
uma guerra maior, na esperança de que a administração Trump vá se abster da
agressão.
Os
mísseis balísticos e de cruzeiro chineses vão atingir as instalações
militares dos EUA e da Coreia do Sul, incluindo as bases aéreas, os
centros de comunicação e facilidades logísticas. Se as forças dos EUA e da
Coreia do Sul intervirem no território da Coreia do Norte, a China pode se
focar na utilização de armas em posições avançadas, embora o exército chinês
não deva querer gastar munições importantes para as forças convencionais
ao longo da linha de frente.
A
mesma estratégia deu certo em 1950, os EUA se abstiveram de ataques ao
território chinês, não mobilizaram as forças do Japão e não utilizaram
as armas nucleares, apontou Robert Farley.
A
guerra ente os EUA e a China é um cenário pouco imaginável mas não impossível.
Durante a Guerra da Coreia os EUA conseguiram confinar o conflito e não
permitir a escalação. Mas, de acordo com o autor, não fica claro se conseguirão
fazer isso em 2017.
Se
uma guerra se desencadear, os diplomatas e políticos chineses e
norte-americanos teriam que trabalhar intensamente para limitar a extensão da
destruição.
Sputnik | Iliya Pitalev
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