Perth,
Austrália, 03 nov (Lusa) - O primeiro-ministro timorense renovou hoje o
interesse de Timor-Leste em aderir ao Programa de Segurança Marítima do
Pacífico (PMSC na sua sigla em inglês), do Governo australiano, que prevê a
doação de dois navios patrulha para as águas timorenses.
"São
dois navios construídos, com capacidade para navegar na costa sul. Oferecem
também formação dos marinheiros e manutenção por algum tempo", explicou
Mari Alkatiri que hoje visitou, nos arredores de Perth, na Austrália Ocidental,
a unidade da empresa australiana Austral, onde os navios do PMSC estão a ser
construídos.
"Agora
temos que ver as condições, proceder a uma detalhada análise técnica. Não há um
acordo assinado e não o vou assinar agora. Não nos podemos comprometer com nada
sem um estudo técnico ser desenvolvido", disse.
O
chefe do Governo timorense explicou à Lusa que o V Governo, liderado por Xanana
Gusmão, decidiu "de forma correta e consistente" adiar uma decisão
sobre o programa "até se resolver a questão da fronteira marítima"
entre Timor-Leste e a Austrália.
"Agora
com o tratado quase assinado e a fronteira quase decidida, podemos retomar este
assunto", explicou Alkatiri.
"Se
temos fronteira, temos que ter capacidade para defender a nossa fronteira, não
numa guerra, mas contra piratas, pescadores ilegais", frisou.
Durante
a visita de hoje - no âmbito da visita que Mari Alkatiri e os ministros de
Estado Agio Pereira e Estanislau da Silva efetuam até domingo a Perth - David
Singleton, diretor executivo da Austal explicou à delegação timorense alguns
dos aspetos dos navios.
O
Austal PPB40, com 29,5 metros de comprimento e 8 de largura, tem o casco
construído em aço - para aumentar a sua durabilidade - e restantes estrutura em
alumínio, o que lhe permite mais amplitude e velocidade de ação.
Com
autonomia para estar no mar durante 20 dias e uma velocidade máxima de 20 nós,
o navio é considerado ideal para patrulhar na zona da costa sul de Timor-Leste.
Mick
Rozzoli, adido de Defesa na embaixada australiana em Díli, e que acompanhou a
visita de hoje, explicou à Lusa que o assunto tem estado na agenda bilateral
desde 2013 quando primeiro Timor-Leste contactou a Austrália relativamente à
possibilidade de adesão ao Programa de Navios de Patrulha no Pacífico (PPBP na
sua sigla em inglês).
Esse
programa, que foi substituído em 2014 pelo Programa de Segurança Marítima do
Pacífico (PMSC na sua sigla em inglês) permitiu a doação de 22 navios patrulha
aos 13 países beneficiários, todos da região do Pacífico.
Central
no relacionamento na área de defesa da Austrália na região e em vigor desde
2014, o PMSC prevê a doação de até 21 navios de patrulha que irão substituir os
22 navios dados aos mesmos países entre 1987 e 1997, o primeiro dos quais deve
ser entregue em outubro de 2018.
Além
da doação dos navios o programa prevê o apoio na formação de até três
tripulações - cada navio pode ter até 23 elementos - e a manutenção durante 30
anos.
Rozzoli
explicou à Lusa que o facto de Timor-Leste não ter aderido de imediato ao
programa implica que o país, se assinar agora, só poderá receber os navios em
2023, sendo que é essencial começar "desde já" a formação da
tripulação.
Timor-Leste
já tem, recordou, alguns efetivos do seu componente naval com formação -
incluindo alguma recebida na Austrália - mas será necessário avançar para uma
formação e treino mais amplo que, em alguns casos, pode demorar mais de uma
década.
Caso
a formação não esteja concluída no momento em que os dois navios estejam
preparados para ser entregues, uma das opções poderá ser o recurso a
tripulações mistas, timorenses e australianas.
Com
uma receita em 2016 de 1,3 mil milhões de dólares australianos, a Austal é o
maior fabricante de barcos de alumínio do mundo e a única empresa estrangeira
com contratos com a marinha norte-americana, empregando 4.600 trabalhadores em
todo o mundo.
Desde
que começou a trabalhar, a empresa construi mais de 255 navios para 44 países,
tanto de cariz civil, como militar.
ASP
// VM
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