Perth,
Austrália, 04 nov (Lusa) - O primeiro-ministro timorense disse hoje que o
potencial de recursos de petróleo e gás natural no Mar de Timor não se esgota
no campo Greater Sunrise e que o país tem outros depósitos, 'offshore' e
'onshore', "a serem explorados".
"Existem
inúmeras atividades de exploração no mar de Timor (...) e algumas atividades de
perfuração também estão previstas para avançar no próximo ano", afirmou
Mari Alkatiri numa conferência na cidade australiana de Perth.
"Também
temos vários campos que exigem que empresas de média e grande dimensão reavivem
as suas produções", considerou ainda.
Mari
Alkatiri falava na sessão de abertura da Conferência Regional da Ásia e
Pacífico em Perth onde participam mais de mil delegados de dezenas de países,
com destaque para vários membros dos Governos da Austrália, Alemanha e várias
nações da Ásia e Pacífico.
Alkatiri
partilhou a abertura da conferência com o seu homólogo australiano Malcolm
Turnbull e com o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.
Destacando
o impacto que os recursos naturais, especialmente petróleo, têm tido no
desenvolvimento de Timor-Leste, Alkatiri disse que o país evitou "os
perigos da abundância" e que os recursos minerais "foram uma bênção,
não uma maldição" como noutros países.
Depois
dos benefícios dos campos Kitan e Bayu Unda - cujas receitas totais ascenderam
já a cerca de 20 mil milhões de dólares - Timor-Leste prepara-se agora para o
desenvolvimento do campo de Greater Sunrise.
Um
passo possível depois de Timor-Leste e da Austrália terem alcançado em 30 de
agosto um acordo "que não só estabelece um limite marítimo permanente, mas
também estabelece o regime para governar Greater Sunrise como um recurso
partilhado".
"Timor-Leste
está mais unido do que nunca agora que finalizamos os nossos limites marítimos
com a Austrália no Mar de Timor", disse, saudando o papel do líder
histórico timorense, Xanana Gusmão e do ministro Agio Pereira, nas negociações
com Camberra.
"Estou
muito satisfeito, como está o resto do meu país, com o excelente progresso que
está a ser feito entre os nossos países", disse.
Agora
falta fechar as negociações com os operadores para encontrar a "melhor
opção comercial" para o Greater Sunrise e, imediatamente depois, a
assinatura do novo tratado entre os dois países que, recordou, partilham
"muitas semelhanças em termos geológicos".
"Uma
negociação bem-sucedida dos limites marítimos entre os nossos dois países
contribuirá imensamente para a continuação da atividade no Mar de Timor. Além
do Greater Sunrise, que, quando desenvolvido, irá garantir atividades de
produção para as próximas décadas, existem outros depósitos potenciais a serem
explorados", afirmou Alkatiri.
O
potencial inclui "sinais visíveis de sistemas subterrâneos de petróleo em
toda a ilha" com mais de 30 locais com petróleo e gás já identificados em
vários pontos do país.
"Além
do petróleo, existem também grandes potenciais para mineração no solo, para
minerais metálicos e não metálicos. Os depósitos minerais metálicos
identificados até agora incluem manganês, cobre e ouro, cromita e prata e areia
de ferro", disse.
"Estamos
ansiosos para engajar as empresas de mineração para realizar novas prospeções
para determinar a viabilidade comercial dos depósitos e extraí-los",
disse, notando que o Governo já começou a conceder algumas licenças nesta área.
Um
dos maiores investimentos neste setor - avaliado em mais de 600 milhões de
dólares - é o projeto de uma fábrica de cimento próximo de Baucau, cujo produto
reduzirá os custos domésticos de construção e fornecerá mercados na Austrália e
na região.
O
desenvolvimento da costa sul, para apoio ao setor petrolífero, os investimentos
na rede de transportes - incluindo o novo porto de Tibar, nos arredores de Díli
- são outros dos investimentos em curso.
Apesar
das riquezas naturais, afirmou, os líderes do país estão empenhados em
diversificar a economia e reduzir a dependência do petróleo, estratégia que
assenta numa "forte vontade e compromisso político que atravessa todas as
linhas partidárias".
"Nós
não ficamos cegos pelas perspetivas de extração mineral e ignoramos os nossos
outros potenciais. A nossa riqueza de petróleo tem sido uma grande vantagem
(...), no entanto, estamos a começar o caminho para diversificar a nossa
economia e afastar-nos lentamente de nossa dependência do setor
petrolífero", considerou.
Exportações
não petrolíferas - incluindo café, especiarias e outros produtos agrícolas - o
potencial de uma industrial florestal comercial lucrativa - com espécies de
alto valor, como o sândalo, a teca, o jacarandá e o mogno - são alguns dos
setores a desenvolver.
Somam-se
o setor da pesca, ainda praticamente amador, e o potencial turístico, tanto nos
setores tradicionais como em nichos como o mergulho, o turismo cultural e o
histórico.
"Temos
investimentos e oportunidades atrativas de negócios no país. Timor-Leste
percorreu um longo caminho e muito foi feito, mas não podemos fazer tudo
sozinhos. A nossa oferta é esta: juntem-se a nós para construir uma nação
livre, pacífica e próspera e, em troca, contarão sempre com o nosso apoio a
cada passo", afirmou.
ASP
// DM
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