Perth,
Austrália, 03 nov (Lusa) - A ministra sombra dos Negócios Estrangeiros
australiana Penny Wong saudou hoje o facto de Timor-Leste e a Austrália terem
chegado a acordo sobre as fronteiras marítimas entre os dois países, que,
considerou, "tardou em chegar".
"O
Partido Trabalhista deixou claro antes das últimas eleições de que se
vencêssemos as eleições resolveríamos a questão fronteiriça e tomámos essa
decisão porque sentimos que isto era crucial para a relação entre Timor-Leste e
a Austrália", disse Penny Wong à Lusa em Perth.
"Esta
disputa já dura há muito tempo e ficamos muito contentes que o Governo tenha
alterado a sua política e aceitado negociar com Timor-Leste. Estamos muito
contentes que haja um acordo e esperamos que isso seja finalizado, para bem do
povo de Timor-Leste e da relação bilateral", afirmou.
Wong
falava à Lusa em Perth à margem da Conferência Regional da Ásia e Pacífico em
que participam, entre outros, os chefes do Governo da Austrália e de
Timor-Leste, Malcolm Turnbull e Mari Alkatiri e o Presidente alemão,
Frank-Walter Steinmeier.
"Espero
que isto seja um passo de grande avanço para o povo de Timor-Leste. Um acordo
fronteiriço foi tardou em chegar e tornou-se um problema para a nossa relação e
estamos muito satisfeitos que esteja a ser resolvido", afirmou.
Em
abril de 2016, antes de Timor-Leste e a Austrália iniciarem as negociações, a
então ministra sombra dos Negócios Estrangeiros do Partido Trabalhista
Australiano, Tanya Plibersek, disse que se o partido chegasse ao Governo se comprometia
a negociar com Timor-Leste as fronteiras marítimas entre os dois países.
"Além
de ser uma questão moral, contribuiria com toda a certeza para restaurar o
relacionamento bilateral para uma proximidade de que deveria existir",
afirmou na altura Plibersek.
Os
comentários de Plibersek surgiram depois de Timor-Leste ter comunicado à
Austrália que tinha desencadeado um Procedimento de Conciliação Obrigatória
(PCO) nas Nações Unidas para obrigar Camberra a sentar-se à mesa das
negociações para definir as fronteiras marítimas.
Um
ano depois, a 30 de agosto último, os dois países alcançaram um acordo sobre os
"elementos centrais" da delimitação de fronteiras marítimas e sobre o
estatuto legal para o desenvolvimento do poço de gás de Greater Sunrise no Mar
de Timor.
O
acordo abrange "os elementos centrais da delimitação dos limites
fronteiriços no Mar de Timor (...) aborda o estatuto legal do campo de gás
Greater Sunrise, o estabelecimento de um regime especial para Greater Sunrise,
um caminho para o desenvolvimento do recurso e a partilha da receita
resultante".
Rubricado
no mês passado em Haia o tratado deverá ser assinado até ao final do ano
estando ainda por concluir as negociações sobre o Greater Sunrise.
A
próxima ronda de negociações sobre este aspeto, agora envolvendo as empresas
petrolíferas, decorre na cidade australiana de Brisbane a partir de domingo,
com a delegação timorense a ser liderada por Xanana Gusmão.
Os
campos do Greater Sunrise, localizados em 1974, contêm reservas estimadas de
5,1 triliões de pés cúbicos de gás e estão localizados no mar de Timor,
aproximadamente a 150 quilómetros a sudeste de Timor-Leste e a 450 quilómetros
a noroeste de Darwin, na Austrália.
A
concessão do Greater Sunrise é controlada pela Woodside (o operador com 33%) a
que se somam a ConocoPhillips, a Royal Dutch Shell e a Osaka Gas.
ASP
// EL
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