segunda-feira, 30 de abril de 2018

Observadores destacam profissionalismo de órgãos eleitorais timorenses


Díli, 30 abr (Lusa) - Observadores internacionais que estão a acompanhar as eleições legislativas antecipadas em Timor-Leste destacaram o "profissionalismo e dedicação" com que os responsáveis e as equipas dos órgãos eleitorais estão a preparar a votação.

A avaliação é feita num relatório semanal produzido pela equipa de observadores das organizações norte-americanas International Republican Institute (IRI) e USAID que estão a acompanhar as eleições, a que a Lusa teve hoje acesso.

Referindo-se ao ambiente eleitoral na última semana, o relatório explica que alguns líderes partidários têm dirigido críticas aos órgãos eleitorais do país, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).

"Líderes políticos estão a ser mais críticos de outros partidos, com alguns a questionar a credibilidade dos órgãos de gestão eleitoral", refere o relatório.

"No entanto, os observadores da IRI reportam um alto nível de dedicação e de profissionalismo de funcionários da CNE e STAE na condução de atividades de educação de eleitores, na observação de eventos partidários e na formação de funcionários eleitorais par ao dia do voto", sublinha.

O relatório não se refere em concreto a qualquer força política, mas surge depois da coligação dos partidos da oposição, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), ter levantado suspeitas sobre alguns aspetos da preparação das eleições.

Na semana passada, a AMP publicou na sua página oficial no Facebook um texto em que levanta suspeitas sobre a ação dos órgãos eleitorais e do Governo na fase de preparação para as eleições antecipadas de 12 de maio.

Com o título "alerta ao público", a AMP diz ter "indicações" que levam a "desconfiar" da suposta intervenção de José Ramos-Horta, ministro de Estado, e do ex-ministro Rogério Lobato, na aquisição de urnas para o voto, que chegaram esta semana a Díli.

"As mil urnas oferecidas pelo Governo da China" são "possivelmente urnas falsas ou duplicadas com o objetivo de manipular o resultado da contagem dos votos da eleição antecipada", refere a publicação.

A coligação diz ainda ter "indicação de que o Governo de gestão deu orientações secretas à CNE/STAE de que façam todo o esforço porque a Fretilin tem que vencer".

Dois dirigentes da AMP ouvidos pela Lusa, Fidelis Magalhães e Arão Noé - deputados respetivamente do Partido Libertação Popular (PLP) e do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) -- disseram não ter informação sobre o assunto, remetendo explicações para o "Centro de Media" da AMP.

Alcino Baris, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), considerou as acusações "falsas e irresponsáveis" afirmando que a vinda das urnas foi uma necessidade, dado o impedimento de usar as anteriores, que continuam seladas, como determina a lei.

"Somos um órgão independente e não recebemos indicações de ninguém", afirmou à Lusa.

Quer a CNE, quer o STAE são dirigidos e integrados pelas mesmas equipas que conduziram os dois sufrágios de 2017, as eleições presidenciais e legislativas, processos reconhecidos como transparentes e livres por todos os partidos políticos e por observadores nacionais e internacionais.

Trata-se de equipas que foram empossadas há vários anos, nomeadamente durante governos anteriores liderados pela principal força política da AMP, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).

A campanha tem decorrido sem incidentes de maior, com o STAE e a CNE a divulgar quase diariamente informação ampla sobre o processo, incluindo relatórios sobre ações de campanha dos partidos.

ASP // VM

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