quinta-feira, 31 de maio de 2018

Guiné Equatorial quer Marcelo Rebelo de Sousa nos 50 anos da independência


Lisboa, 30 mai (Lusa) -- O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, vai convidar o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, para participar nas celebrações do 50.º aniversário daquele país, em outubro próximo, disse hoje à Lusa fonte diplomática.

Esta foi uma das mensagens transmitidas às autoridades portuguesas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros equato-guineense, Simeón Angüé, que realizou no início desta semana a sua primeira visita a Portugal, na qualidade de "enviado especial" de Obiang.

No encontro realizado esta terça-feira, no Palácio das Necessidades, com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, o governante da Guiné Equatorial transmitiu um "convite informal", indicando que o Presidente Obiang "vai enviar um convite a Marcelo Rebelo de Sousa para estar na celebração", disse a mesma fonte.

A reunião entre os dois governantes realizou-se a pedido de Simeón Angüé e decorreu à porta fechada, não tendo havido declarações à imprensa no final, ao contrário do que ocorre habitualmente quando Augusto Santos Silva recebe um homólogo no Palácio das Necessidades.

Horas mais tarde, o chefe da diplomacia portuguesa classificou, em declarações aos jornalistas, a reunião como "produtiva e positiva".

No encontro, Simeón Angüé entregou a Santos Silva uma carta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa e que as autoridades equato-guineenses querem fazer chegar aos chefes de Estado de todos os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) antes da próxima cimeira da organização, que decorrerá a 17 e 18 de julho, na ilha do Sal, em Cabo Verde.

Na carta, o Governo da Guiné Equatorial descreve os passos que tem dado "com vista à sua plena integração" na CPLP, desde julho de 2014, e dá conta da situação interna do país.

Com esta iniciativa, a Guiné Equatorial procura preparar terreno para se oferecer para assumir a presidência da CPLP em 2020, sucedendo a Cabo Verde, que terá um mandato de dois anos a partir da conferência de chefes de Estado e de Governo de julho próximo.

O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, foi o primeiro chefe de Estado lusófono a receber esta missiva, que já foi entregue também em Angola e Moçambique.

A diplomacia da Guiné Equatorial espera visitar São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau em meados de junho, seguindo-se Timor-Leste no final do próximo mês. Do Brasil, aguarda indicação de data.

Segundo a mesma fonte, que está a acompanhar esta campanha diplomática, as autoridades portuguesas mostraram reticências, apontando a falta de preparação de Malabo para esta tarefa, que pressupõe a organização de várias reuniões setoriais, nomeadamente pelo facto de os governantes equato-guineenses terem dificuldade em falar português.

A Guiné Equatorial aderiu à CPLP em 2014 mediante um roteiro de adesão, que previa a ratificação dos estatutos da organização -- o que viria a ocorrer em 2016 -, a introdução da língua portuguesa nesta antiga colónia espanhola e a abolição da pena de morte -- que ainda não foi feita.

Malabo tornou-se um país independente a 12 de outubro de 1968.

A Guiné Equatorial, país com cerca de um milhão de habitantes, é dirigida desde agosto de 1979 por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que detém o recorde de longevidade no poder em África.

Teodoro Obiang foi reeleito em 2016 com mais de 90% dos votos para um quinto mandato de sete anos.

O Governo da Guiné Equatorial é acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.

JH // VM

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