Lisboa, 30 mai (Lusa) -- O
Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, vai convidar o chefe de
Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, para participar nas celebrações do
50.º aniversário daquele país, em outubro próximo, disse hoje à Lusa fonte
diplomática.
Esta foi uma das mensagens
transmitidas às autoridades portuguesas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros
equato-guineense, Simeón Angüé, que realizou no início desta semana a sua
primeira visita a Portugal, na qualidade de "enviado especial" de
Obiang.
No encontro realizado esta
terça-feira, no Palácio das Necessidades, com o ministro dos Negócios
Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, o governante da Guiné Equatorial
transmitiu um "convite informal", indicando que o Presidente Obiang
"vai enviar um convite a Marcelo Rebelo de Sousa para estar na
celebração", disse a mesma fonte.
A reunião entre os dois
governantes realizou-se a pedido de Simeón Angüé e decorreu à porta fechada,
não tendo havido declarações à imprensa no final, ao contrário do que ocorre
habitualmente quando Augusto Santos Silva recebe um homólogo no Palácio das
Necessidades.
Horas mais tarde, o chefe da
diplomacia portuguesa classificou, em declarações aos jornalistas, a reunião
como "produtiva e positiva".
No encontro, Simeón Angüé
entregou a Santos Silva uma carta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa e que as
autoridades equato-guineenses querem fazer chegar aos chefes de Estado de todos
os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) antes da próxima
cimeira da organização, que decorrerá a 17 e 18 de julho, na ilha do Sal, em
Cabo Verde.
Na carta, o Governo da Guiné
Equatorial descreve os passos que tem dado "com vista à sua plena
integração" na CPLP, desde julho de 2014, e dá conta da situação interna
do país.
Com esta iniciativa, a Guiné
Equatorial procura preparar terreno para se oferecer para assumir a presidência
da CPLP em 2020, sucedendo a Cabo Verde, que terá um mandato de dois anos a
partir da conferência de chefes de Estado e de Governo de julho próximo.
O Presidente de Cabo Verde, Jorge
Carlos Fonseca, foi o primeiro chefe de Estado lusófono a receber esta missiva,
que já foi entregue também em Angola e Moçambique.
A diplomacia da Guiné Equatorial
espera visitar São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau em meados de junho,
seguindo-se Timor-Leste no final do próximo mês. Do Brasil, aguarda indicação
de data.
Segundo a mesma fonte, que está a
acompanhar esta campanha diplomática, as autoridades portuguesas mostraram
reticências, apontando a falta de preparação de Malabo para esta tarefa, que
pressupõe a organização de várias reuniões setoriais, nomeadamente pelo facto
de os governantes equato-guineenses terem dificuldade em falar português.
A Guiné Equatorial aderiu à CPLP
em 2014 mediante um roteiro de adesão, que previa a ratificação dos estatutos
da organização -- o que viria a ocorrer em 2016 -, a introdução da língua
portuguesa nesta antiga colónia espanhola e a abolição da pena de morte -- que
ainda não foi feita.
Malabo tornou-se um país
independente a 12 de outubro de 1968.
A Guiné Equatorial, país com
cerca de um milhão de habitantes, é dirigida desde agosto de 1979 por Teodoro
Obiang Nguema Mbasogo, que detém o recorde de longevidade no poder em África.
Teodoro Obiang foi reeleito em
2016 com mais de 90% dos votos para um quinto mandato de sete anos.
O Governo da Guiné Equatorial é
acusado por várias organizações da sociedade civil de constantes violações dos
direitos humanos e perseguição a políticos da oposição.
JH // VM
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