Díli, 22 jun (Lusa) - A exclusão
pelo Presidente timorense de mais de uma dezena de membros propostos para o
próximo Governo está a causar "profundo mal-estar" e fortes críticas
na coligação que apoia o executivo, informaram fontes partidárias à Lusa.
Alguns dos principais líderes da
Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) defendem o cancelamento da tomada de
posse de uma parte do executivo prevista para hoje, disseram várias fontes
ouvidas nas últimas horas pela Lusa e que solicitaram o anonimato.
"O assunto está a ser
debatido pelos nossos líderes. A eles cabe a decisão final sobre o que
fazer", confirmou um alto responsável do Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), o maior partido da AMP.
"Vamos encontrar a melhor
solução possível para este país. Temos que pensar no futuro deste país",
disse outros um dos responsáveis máximos da AMP.
Em causa está a decisão do
Presidente da República só dar posse hoje a 30 dos mais de 40 elementos
propostos pelo primeiro-ministro nomeado, Taur Matan Ruak, para integrar o VIII
Governo constitucional, segundo a lista a que a Lusa teve acesso.
De fora ficam alguns dos pesos
pesados do executivo, incluindo Francisco Kalbuadi Lai, que seria número três
no Governo e que é secretário-geral do CNRT.
Por nomear encontram-se vários
outros ministros propostos pela AMP, incluindo o da Administração Estatal, o do
Planeamento e Investimento Estratégico, o das Finanças, entre outros, todos
eles escolhidos pelo CNRT. De fora está também o nome proposto para ministro da
Saúde.
Alguns deputados pediram hoje
suspensão do mandato, os quais, segundo fontes da AMP, estavam na lista de
membros propostos para o Governo, nomeadamente António Verdial (KHUNTO) e
Virgilio Smith (CNRT).
A AMP é integrada pelo CNRT, pelo
Partido Libertação Popular (PLP), liderado por Taur Matan Ruak, e pelo Kmanek
Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).
Outra das surpresas é a ausência
de Filomeno Paixão, que esta semana pediu a exoneração como número dois das
Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) - estava proposto para ministro da
Defesa - e que o próprio Presidente disse na quinta-feira à Lusa que seria um
bom titular da pasta.
As primeiras reações à lista, na
quinta-feira, foram de "muito descontentamento", especialmente no
topo do CNRT.
Fontes do PLP e do CNRT
confirmaram que hoje de manhã, horas antes da tomada de posse prevista para as
16:30 locais (08:30 em Lisboa), a posição "não se tinha alterado".
Até ao momento a Presidência não
deu qualquer explicação para o facto de não tomarem posse todos os membros
propostos por Matan Ruak.
Uma fonte do gabinete de Lu-Olo
disse apenas que a tomada de posse deverá ser feita "em fases".
O decreto com a lista dos membros
propostos para o próxim Goveno e que deviam tomar posse hoje foi já publicado
no Jornal da República.
ASP // JMC
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