Díli, 15 out (Lusa) - O
governador do Banco Central timorense disse hoje que as prioridades do
regulador bancário são expandir o acesso a serviços bancários e financeiros nas
zonas mais remotas de Timor-Leste e fomentar a educação financeira da
população.
Abraão de Vasconselos disse hoje
em Díli que apesar de o país ter já 1.200 pontos de acesso ao sistema
financeiro - entre balcões, multibancos e pontos de venda - "a maioria da
população não consegue usar o sistema".
"Houve alguns avanços, mas a
população continua com dificuldades em aceder aos serviços. Especialmente
porque ainda não há total conexão entre as instituições financeiras",
disse em Díli o governador do Banco Central de Timor-Leste (BCTL), na abertura
do 28.º Encontro de Lisboa entre os Bancos Centrais dos Países de Língua
Portuguesa.
O encontro de Lisboa decorre pela
primeira vez fora da capital portuguesa, aproveitando a presença na vizinha
ilha indonésia de Bali dos responsáveis lusófonos que estiveram nas reuniões
anuais do FMI e do Banco Mundial.
Os balcões das instituições
bancárias que operam em Timor-Leste estão apenas nas capitais de município e
"a maior parte da população tem que andar mais de 10 quilómetros "
para ter acesso a elas.
No que toca à ampliação e
melhoria da rede e dos serviços, disse, o Governo tem que ser um dos principais
impulsionadores, já que o Estado que financia grande parte da economia - o
setor privado ainda é emergente - efetua a maior parte das transações.
No futuro, Timor-Leste quer por
isso "melhor coordenação, adaptação a avanços tecnológicos e ainda um
reforço da cibersegurança", explicou.
"Mas também temos que
avançar na literacia financeira, dar prioridade à educação financeira para que
a população vá conhecendo e sabendo utilizar os sistemas que vão sendo
implementados", disse.
Intervindo no mesmo encontro, o
governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, disse que o que aconteceu nos
últimos anos no setor financeiro internacional criou uma situação de
desconfiança da população relativamente à banca.
Por isso, disse, é importante
refletir sobre "que tipo de sistema financeiro se quer", em termos de
"otimização da utilização da poupança, da promoção da capacidade
empresarial e do investimento" para evitar que haja sistemas "muito
sofisticados a nível de produtos, mas não tendo capacidade para promover
desenvolvimento na escala desejada".
Um exemplo é o microcrédito, que
"nunca pegou" no hemisfério norte, não por não haver dinheiro, mas
talvez "por não haver disposição para ensinar o que fazer com esse
dinheiro".
"Temos que perguntar se por
vezes não perdemos de vista que um sistema financeiro tão hábil a ser conselheiro
das grandes empresas, e muito pouco capaz de dar aconselhamento às PME ou
empresas nascentes", disse.
ASP // VM
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