Lisboa, 19 out (Lusa) - O antigo
Presidente de Timor-Leste reafirmou hoje, em Lisboa, a intenção de não fazer
parte do atual executivo timorense, liderado por Taur Matan Ruak.
"Não faço parte [do Governo]
na medida em que estou com um trabalho muito importante para a Nação. E quando
digo muito importante para a Nação pode entender como ser mais importante do
que ser membro do Governo", afirmou, em declarações aos jornalistas à
margem de uma conferência na qual interveio ao lado do antigo Presidente da
República português Jorge Sampaio.
"Não é um problema de querer
ou não querer. Não posso [estar no Governo]", afirmou Xanana Gusmão,
quando questionado se não poderia ceder e vir a fazer parte do executivo
timorense.
Xanana Gusmão explicou que em
2014 assumiu as negociações difíceis com a Austrália sobre o dossiê petrolífero
(projeto Sunrise) e teve que se afastar.
Contudo, o histórico líder
timorense diz que a sociedade tenta "compreender a Constituição ou até
onde chegam as competências do Presidente, até onde chega esse princípio de
presunção da inocência e até onde chega a capacidade constitucional do
Governo".
O antigo Presidente foi nomeado
pelo Governo como representante especial de Timor-Leste para a conclusão do
processo de ratificação do tratado com a Austrália e para liderar as
negociações para o acordo sobre o desenvolvimento dos poços de petróleo do chamado
"Greater Sunrise".
O atual Presidente timorense,
Francisco Guterres Lu-Olo, e o ex-Chefe de Estado e líder da coligação do
Governo, Xanana Gusmão, reuniram-se a semana passada, num encontro que não
estava previsto.
A reunião decorreu na sequência
de meses de tensão política no país, com Xanana Gusmão, que escreveu várias
cartas a Lu-Olo, divulgadas depois publicamente, e prestou várias declarações
públicas a criticar a decisão do chefe de Estado, de não dar posse a vários
nomes propostos para a equipa governamental.
Lu-Olo foi igualmente criticado
pela demora em promulgar as contas públicas para 2018.
A questão das nomeações dos
ministros está por resolver, com várias pastas ainda sem titulares, sendo que o
Governo deverá apresentar ao parlamento, em novembro, o Orçamento Geral do
Estado (OGE) para 2019.
Alguns dirigentes políticos
receiam que Lu-Olo, que entretanto promulgou o OGE de 2018, possa vetar o de
2019, onde estarão necessariamente inscritos, entre outros gastos, 350 milhões
de dólares (303 milhões de euros) para financiar a operação fechada
recentemente por Xanana Gusmão, em nome do Governo, de compra da participação
de 30% da ConocoPhillips no consórcio dos poços petrolíferos "Greater
Sunrise".
O Governo timorense aprovou em
Conselho de Ministros na semana passada uma resolução sobre a operação, que tem
ainda de ser aprovada pelo parlamento.
ATR // PVJ
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