Díli, 20 out (Lusa) -
Agricultores timorenses participaram esta semana num seminário sobre o cultivo
da pitaia, ou fruta dragão, uma alternativa para responder ao impacto das
alterações climáticas e ajudar a aumentar o rendimento dos produtores.
O 2.º Encontro Nacional de
Produtores de Pitaia, que decorreu na vila de Loes, em Liquiçá, a oeste de
Díli, foi promovido pelo Ministério da Agricultura e Pescas de Timor-Leste com
o apoio do Instituto Camões, no âmbito das atividades Programa de Apoio à
Aliança Global contra as Alterações Climáticas (GCCA-TL na sigla em Inglês),
que é financiado pela União Europeia.
"Com a iniciativa de
promover o cultivo da pitaia, procuramos estabelecer uma cintura de produção
desta fruta [na zona] procurando atrair potenciais compradores e assim aumentar
a produção de fruta em Timor-Leste e o rendimento das famílias", explicou
Hugo Miguel Trindade, coordenador geral do programa.
Trindade sublinha que a pítia
ajuda igualmente a reforçar a capacidade de enfrentar os efeitos das alterações
climáticas em Timor-Leste, um dos países onde já se começa a sentir esse
impacto.
A pitaia (termo que significa
fruta escamosa) é a fruta de várias espécies de catos epífitos, que vivem sobre
outra, utilizando-as como apoio, mas sem dela retirar nutrientes e sem
estabelecer contacto com o solo.
O coordenador técnico do programa
em Liquiçá,Moisés Cruz, explicou que a iniciativa começou naquela região em
2015, com cinco plantações piloto, muitas das quais já estão em fase avançada
de produção.
Um dos maiores produtores da zona
é José Adilson Ribeiro, que tem já mais de duas mil plantas.
"Tenho 700 postes e em cada
um três plantas. São mais de duas mil plantas e estamos a vender a
supermercados", referiu ainda.
O encontro desta semana incluiu
uma oficina técnica e visitas de campo com o objetivo de demonstrar técnicas
para a melhoria e sustentabilidade do cultivo desta fruta em pomares
familiares.
Participam mais de 200 pessoas,
entre os quais 80 produtores de pitaia apoiados pelo GCCA, diretores municipais
de Agricultura de Liquiçá e Ermera, e as respetivas equipas técnicas, assim
como estudantes de agricultura e representantes de algumas organizações locais
ligadas à temática, informou o programa em comunicado.
A organização do encontro teve a
colaboração de duas empresas locais com atividade no setor agrícola (Britas
Lda. e Agropro Corporation Lda.), que iniciaram e têm vindo a intensificar a
sua atividade de produção de pitaia, "com recurso a investimento próprio,
inspiradas no modelo e técnicas de cultivo implementado e demonstrado pela
equipa do GCCA".
Mais de 75 plantações familiares
estão já a operar na zona de Loes.
A atividade, de acordo com
comunicado divulgado pelo Instituto Camões, "constitui parte da estratégia
de apoio à diversificação da produção agroflorestal, por meio de cultivos
adaptados e resilientes, e criação de rendimento para produtores locais,
inseridos na bacia hidrográfica da ribeira de Loes".
O objetivo é "dotar as
comunidades de mais recursos e consequentemente de maior capacidade para lidar
com os efeitos das alterações climáticas".
O GCCA é um programa temático da
União Europeia, criado em 2007, para reforçar o diálogo e cooperação com países
parceiros em desenvolvimento, em particular países menos desenvolvimentos (LDC)
e pequenos estados insulares (SIDS).
Em Timor-Leste o programa é
administrado pelo Camões e pela GIZ (cooperação alemã).
ASP // MIM
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