Cerca de 14% da população regional foi afetada em 2023; confrontos em andamento e secas devem agravar ainda mais os indicadores de segurança alimentar e nutrição; relatório elaborado por diversas agências da ONU ressalta que dietas saudáveis estão inacessíveis para milhões de pessoas.
A fome na região árabe piorou em meio ao aprofundamento de crises, de acordo com um relatório lançado nesta quarta-feira por diversas agências da ONU.
ONU News | # Publicado em português do Brasil
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Taxa de desnutrição de 26,4%
O relatório "Visão Geral Regional de Segurança Alimentar e Nutricional do Oriente Médio e Norte da África 2024" destaca que alimentos adequados permanecem inacessíveis para milhões de pessoas.
O levantamento alerta que o conflito é o principal fator de insegurança alimentar e desnutrição na região. Em 2023, as taxas de desnutrição em países afetados por conflitos dispararam para 26,4%, quatro vezes mais do que os 6,6% em áreas sem conflito.
Desafios econômicos, altas desigualdades de renda e extremos climáticos também desempenham papéis significativos. Segundo o relatório, o aumento dos preços dos alimentos agravou a crise.
A expectativa é que os indicadores de segurança alimentar e nutrição se deteriorem ainda mais devido aos conflitos em andamento e secas persistentes em muitas partes da região.
Desnutrição, obesidade e deficiências
Em 2022, novos dados de preços de alimentos e melhorias metodológicas revelaram que 151,3 milhões de pessoas não podiam pagar uma dieta saudável. Os países afetados por conflitos experimentaram as taxas mais altas, com 41,2% de suas populações se esforçando para consumir uma alimentação mais saudável.
O relatório destaca que além da desnutrição, a região árabe sofre com tendências crescentes de obesidade infantil e adulta, e de emagrecimento e deficiências nutricionais, como anemia entre as mulheres.
Em 2022, cerca de 9,5% das crianças menores de cinco anos estavam acima do peso, quase o dobro da média global. Isso marca um aumento de 8% desde 2000, com as taxas mais altas observadas na Líbia, na Tunísia e no Egito.
De acordo com o relatório, a
prevalência de anemia entre mulheres de
Apesar de algumas melhorias, as taxas de obesidade em adultos nos Estados Árabes permanecem alarmantemente altas, com uma prevalência de 32,1% em 2022, mais que o dobro da taxa global. Os países de renda média-alta são os mais afetados, com Egito, Catar e Kuwait liderando as taxas de obesidade específicas de cada país.
Transformação de sistemas agroalimentares
O relatório enfatiza a necessidade de transformar e fortalecer os sistemas agroalimentares, enfrentar as desigualdades e garantir que dietas saudáveis sejam acessíveis a todos.
Os dados revelam que a região árabe continua fora do caminho para cumprir as metas de segurança alimentar e nutrição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, até 2030.
A análise foi feita em parceria pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura, Fida, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, a Organização Mundial da Saúde, OMS, e a Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental, Escwa.
Com base nas conclusões do relatório, as agências da ONU emitiram a "Declaração do Cairo sobre o Financiamento da Transformação dos Sistemas Agroalimentares na Região do Oriente Médio e Norte da África" nesta quarta-feira.
As agências ressaltam o compromisso de aprofundar a colaboração entre si e com os bancos internacionais e regionais de desenvolvimento, o setor privado e os governos nacionais.
Este esforço colaborativo visa desenvolver, ampliar e implantar recursos financeiros adicionais para apoiar a transformação dos sistemas agroalimentares regionais.
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