Especialista de agência humanitária observou casos de famílias presas sob os escombros que não podem receber socorro; condições de vida difíceis agravam em momento marcado pela chuva de inverno e pessoas expostas ao frio.
A especialista da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, Louise Wateridge, descreveu famílias presas sob os escombros na Faixa de Gaza ante funcionários e socorristas impedidos de salvá-las da morte.
Falando da área, a porta-voz disse que crianças vasculham pilhas de lixo em busca de restos de comida ou materiais para abrigo. Em plena época de chuvas de inverno, muitas pessoas em Gaza estão expostas ao frio e à chuva.
Busca de um pedaço de pão
Ela descreveu filas de pessoas famintas que esperam o dia todo em busca de um pedaço de pão, ou com pequenos recipientes tentado obter água para suas famílias.
Desde maio, a passagem de Rafah foi fechada e o acesso negado para equipes da ONU. A área foi um corredor da resposta humanitária e ponto de partida de 1,4 milhão de deslocados.
Já a porta-voz do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, Rosalia Bollen falou de menores com frio, doentes e traumatizados. A fome e a desnutrição e as péssimas condições de vida em geral na área continuam colocando as vidas das crianças em risco.
Ela destacou que no momento, Gaza concentra mais de 96% das mulheres e crianças que não conseguem atender às suas necessidades nutricionais básicas. A maioria sobrevive com farinha racionada, lentilhas, macarrão e comida enlatada, “uma dieta que lentamente compromete a saúde”.
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Capacidade interna de produção de alimentos
Em novembro, a agência encaminhou uma média de 65 caminhões de assistência diária a Gaza, em comparação com 500 caminhões despachados antes da guerra, numa época em que ainda havia capacidade interna de produção de alimentos.
Para o Unicef, Gaza é provavelmente um dos lugares mais dolorosos do planeta para a atuação de trabalhadores humanitários e “cada pequeno esforço para salvar a vida de uma criança é desfeito por uma destruição feroz.”
A agência destaca que as crianças têm estado na “ponta afiada do pesadelo por mais de 14 meses”. Cerca de 1,5 mil menores teriam morrido e milhares ficaram feridos no conflito, que começou após o ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023, ao sul de Israel, que resultou na retaliação do exército israelense.
Em artigo de opinião para o jornal “The Guardian”, o comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, pediu “coragem política para defender e reforçar o sistema multilateral e a ordem internacional baseada em regras”.
Ele lamentou que o Estado de Israel continue a alegar que esta agência da ONU esteja infiltrada pelo Hamas, embora “todas as alegações para as quais foram oferecidas provas tenham sido minuciosamente investigadas”.
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