Na
inauguração da exposição “Marionetas Portuguesas”, Amélia António lamentou a
indecisão do Governo da RAEM em relação ao projecto para um museu que acolha a
colecção de quase 600 peças de Elisa Vilaça, conjunto que se encontra
actualmente em Macau. Uma
pequena parte desta colecção vai estar em exibição no Consulado de Portugal no
âmbito das comemorações do 10 de Junho
André
Jegundo – Tribuna de Macau
Arrancaram
ontem oficialmente as comemorações do 10 de Junho com a abertura da exposição
“Marionetas Portuguesas”, que vai estar patente no espaço expositivo da
Residência da Bela Vista. As peças em exibição fazem parte da colecção de quase
600 marionetas reunida por Elisa Vilaça, conjunto que se encontra a aguardar
uma nova morada. A presidente da Casa de Portugal, Amélia António, lamentou
ontem a indecisão do Governo da RAEM em relação ao projecto para um museu das
marionetas que possa dar outra visibilidade às peças, muitas das quais estão
hoje encaixotadas e longe dos olhares do público.
“Estou
cansada de não descobrir o que é que Macau efectivamente quer, o que é que
pensam de facto as pessoas que dizem tanto que querem transformar Macau.
Afinal, o que é que é sincero e o que faz parte da pose e da maneira de estar
social e do que é preciso mostrar”, afirmou, na inauguração da exposição, que
contou com a presença de Elisa Vilaça e do cônsul de Portugal em Macau e Hong
Kong.
Amélia
António sublinhou que o conjunto de peças pode vir a constituir um “cartaz para
Macau”, lembrando o exemplo de Taiwan que “gastou uma fortuna” para montar um
museu com um espólio particular. “Olho para estas situações e depois olho para
Macau onde as coisas estão ao estender da mão e, no entanto, as mãos não se
estendem”, lamentou.
Depois
de várias contactos com departamentos governamentais ao longo dos anos, e
apesar do interesse manifestado no desenvolvimento do projecto, até hoje não
foi possível encontrar um espaço que servisse de morada para a colecção
completa de Elisa Vilaça. “Oiço dizer que Macau quer ser um local de cultura e
eventos que não sejam apenas directamente ligados com o jogo, que se quer muita
coisa bonita, mas fica tudo no querer ou no dizer que se quer. De facto, na
realidade, na prática, nas decisões e na implementação dessas decisões, as
coisas ficam a dormir. Estão lá e não passam disso”, acrescentou.
A
exposição dá o pontapé de saída das comemorações do Dia de Camões e das
Comunidades Portuguesas, organizadas pelo Consulado-Geral de Portugal em Macau
e Hong Kong, IPOR e Casa de Portugal. O cônsul de Portugal, Vítor Sereno,
agradeceu o apoio dos patrocinadores que permitiram a organização do programa
de comemorações e deixou um apelo a todos para que visitem a exposição.
“Apesar
das palavras da senhora comendadora [Amélia António], que as percebo e
compreendo perfeitamente, é muito bom estar a mostrar uma nova face de um
Portugal moderno e de uma casa e um espaço expositivo que tem capacidade para
atrair pessoas”, afirmou.
Da
exposição fazem parte cerca de meia centena de peças que procuram dar a
conhecer um pouco do que se faz actualmente em Portugal nesta área artística.
“São, na sua generalidade, marionetas modernas, obtidas de grupos de
construtores que exercem a sua actividade artística em Portugal, diferenciadas
pelo cunho pessoal do seu criador”, refere-se na apresentação da exposição.
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