Pequim,
20 jul (Lusa) - O próximo presidente de Taiwan será de certeza uma mulher, numa
experiencia sem precedentes na história da "República da China" e nas
complexas relações politicas entre a ilha e o continente chinês.
O
Partido Nacionalista (KMT), no poder em Taiwan, aprovou no domingo a nomeação
da vice-presidente do Parlamento, Hung Hsiu-chu, como candidata às eleições
presidenciais de janeiro de 2016, frente à candidata da principal força da
oposição, a presidente do Partido Democrático Progressista (DPP), Tsai Ing-wen.
Uma
delas sucederá a Ma Ying-jiu, que está a terminar o seu segundo e último
mandato de quatro anos como líder de Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo
governo chinês depois de o Partido Comunista tomar o poder no continente e
proclamado a Republica Popular da China, em 1949.
Hung
Hsiu-chu, 67 anos (mais oito do que Tsai Ing-wen), parte em desvantagem nas
sondagens e o seu partido sofreu uma pesada derrota das eleições municipais
realizadas o ano passado em Taiwan.
Ambas
as candidatas estudaram nos Estados Unidos, mas Hung Hsiu-chu é considerada
mais favorável ao aprofundamento das relações com Pequim, que considera Taiwan
uma província da China e não uma entidade política soberana.
Será
a sexta eleição presidencial direta em Taiwan, que desde 1996 teve dois
presidentes do KMT (Lee Teng-hui e Ma Ying-jiu) e um do DPP (Chen Shui-bian,
condenado em 2010 a 20 anos de prisão por corrupção).
Tsai
Ing-wen, que foi capa da revista Time em junho passado, candidatou-se em 2008,
frente a Ma Ying-jiu, mas perdeu, com 45,6% dos votos.
Filipinas,
Tailândia, Índia e Paquistão já foram lideradas por mulheres. Atualmente, na
Ásia, apenas Bangladesh e Coreia do Sul estão nessa situação, com a
primeira-ministra Sheikh Hasina e a Presidente Park Geun-hye, respetivamente.
Situada
a cerca de 200 quilómetros da costa leste da China, Taiwan tem cerca de 24
milhões de habitantes e menos de metade da área de Portugal.
Trata-se
de uma das mais prósperas economias da Ásia Oriental, com um Produto Interno
Bruto per capita idêntico ao de Portugal (cerca de 22.000 dólares) e quase o
triplo da República Popular da China (RPC).
Apenas
22 países, quase todos pequenos estados como a Santa Sé ou São Tomé e Príncipe,
reconhecem a "República da China em Taiwan" e não têm, portanto, uma
embaixada em Pequim.
O
governo da RPC defende a "reunificação pacífica" com Taiwan segundo a
mesma fórmula adotada para Hong Kong e Macau ("um país, dois
sistemas"), mas ameaça "usar a força" se a ilha proclamar a
independência.
No
plano político, a rivalidade entre Pequim e Taipé (a capital de Taiwan)
persiste, mas as duas economias estão cada vez mais ligadas.
No
final de 2008, pela primeira vez em mais de meio século, as ligações diretas
entre o continente e a ilha foram restauradas.
Quase
tudo o que na década de 1980 era "made in Taiwan" - sapatos,
brinquedos e outros artigos de produção intensiva - é agora "made in
China", em fábricas dos mesmos patrões e com mão-de-obra mais barata.
Em
novembro passado, 80.000 empresas com capitais de Taiwan estabelecidas no
continente empregavam 15,6 milhões de pessoas - o equivalente a mais de metade
da população da ilha.
"A
integração económica já está a acontecer", realçou um conhecido analista
chinês, Gao Zhikai, em maio passado, quando o novo presidente do KMT, Eric Chu,
se encontrou em Pequim com o secretário-geral do PCC, Xi Jinping.
AC
// FV.
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