Macau,
China, 20 jul (Lusa) -- O politólogo da Universidade de Macau Eilo Yu
considerou que antes da transferência de administração para a China a compra de
votos no território era "muito comum", tendo-se tornado mais
recentemente numa "prática escondida".
Na
sexta-feira, o Tribunal Judicial de Base condenou dois funcionários da
associação do deputado mais votado nas eleições para a Assembleia Legislativa
de 2013 por corrupção eleitoral.
De
acordo com a imprensa local, os dois membros da Associação de Povo de
Instituição de Macau, com 64 e 67 anos, foram condenados a penas de um ano e
seis meses e um ano e três meses por terem feito telefonemas, oferecendo
contrapartidas em troca de votos na lista de Chan Meng Kam, que conseguiu
também eleger os deputados Si Ka Lon e Song Pek Kei.
Os
funcionários ofereceram, por telefone, refeições e transporte em troca de votos
na lista, inclusive, inadvertidamente, a um inspetor do Comissariado contra a
Corrupção, que denunciou o caso.
A
prática é amplamente discutida em anos de eleições, surgindo frequentemente
suspeitas de troca de prendas por votos, em particular orientadas para os
residentes mais idosos. Em 2005, por exemplo, 12 pessoas foram condenadas por
pagarem ou receberem 500 patacas (cerca de 50 euros) por um voto em Chan Meng Kam ,
lembra o jornal Ponto Final.
"Acho
que as coisas melhoraram um bocadinho. Antes da transferência, as refeições
grátis eram muito comuns. Em 2005 [ano de eleições] também. Em 2009 começou,
aparentemente, a baixar", disse Eilo Yu, em declarações à agência Lusa.
O
politólogo referiu que, ainda que "estas prendas não aconteçam de forma
tão aberta como no passado", continuam a circular de forma
"escondida". "Não posso afirmar que [a compra de votos] está
realmente a diminuir", ressalvou.
O
investigador considerou que há mais consciencialização da população, que em
parte já entende que a compra de votos é crime: "A geração mais jovem está
atenta. O ambiente na sociedade está a mudar, pelo menos as pessoas já falam
disto".
Para
Eilo Yu, colocam-se questões de natureza legal e política. Por um lado, a
"lei não é eficiente", e caso o problema persista, deveriam ser
admitidas penas mais pesadas, como o afastamento do candidato envolvido.
"Se
não conseguirmos mudar este cenário, em último recurso, devíamos mudar a lei
para que os candidatos tivessem que abandonar a corrida ou cargo. Mas claro,
levantam-se aqui questões sensíveis de justiça", comentou, referindo-se à
dificuldade em provar o conhecimento do candidato e em determinar se todos os
membros da lista devem arcar com as mesmas consequências.
Por
outro lado, politicamente, seria benéfico se os candidatos envolvidos
enfrentassem a questão, o que nunca se passou até agora.
"As
pessoas estão preocupadas. O candidato tem de se explicar perante o público.
Não estou a dizer que tem de se demitir, mas deve vir a público dizer 'isto
está errado e é ilegal', tem de ter uma posição", concluiu.
ISG
// VM
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