Díli,
28 out (Lusa) - O primeiro avião comercial de Timor-Leste, um Twin Otter 400
para 19 passageiros e que representa um investimento de cerca de sete milhões
de dólares, aterrou hoje na cidade de Díli, depois de uma longa viagem desde o
Canadá.
As
principais individualidades timorenses estiveram no Aeroporto Presidente
Nicolau Lobato, em Díli para receber o avião, adquirido pela Autoridade da
Região Administrativa da Zona Especial de Economia Social de Mercado (ZEESM).
O
avião, que vai ser pilotado por quatro pilotos timorenses que receberam
formação no Canada, permitirá ligações com o enclave de Oecusse e a ilha de
Ataúro, numa primeira fase e, progressivamente, com outras cidades de
Timor-Leste, quando as pistas estiverem em condições.
Para
chegar a Díli o avião teve já um primeiro 'batismo de voo' até Timor-Leste, com
uma viagem de 15 horas do Canadá para Honololu, de 12 horas até Port Moresby
(Papua Nova Guiné) e mais 10 horas até Díli.
Mari
Alkatiri, responsável da ZEESM disse à Lusa que fomentar as ligações marítimas
e aéreas é vital para um país com as características de Timor-Leste.
"Usar
a comunicação pela via área num país que é uma meia ilha é algo de suma
importância. A nossa economia não se deve limitar à economia doméstica. Temos
que atrair investidores e a aviação facilita isso", afirmou.
Questionado
sobre as críticas ao custo do avião, Alkatiri disse que há sempre opções mais
baratas, mas que neste caso se optou por "algo de maior resistência e
melhor para o terreno" timorense.
O
primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo, afirmou à Lusa que o Governo tem que
investir mais na sua rede de transportes, um processo progressivo que já está
em curso.
"Como
ilha que somos vamos ter que explorar o máximo possível a nossa condição de
ilha e facilitar os transportes nesse sentido. Um exemplo concreto: a viagem da
costa norte para a costa sul leva 4 a 5 horas", disse.
"Se
os transportes aéreos e marítimos vierem a ser otimizados essa duração pode ser
menor e facilitar a deslocação dos bens e serviços e das pessoas também",
sublinhou.
Para
2016, o Governo manterá o investimento em Oecusse, estando previsto um
orçamento em torno dos 200 milhões de dólares (180 milhões de euros),
"para haver continuidade" do projeto, estando a estudar-se
investimentos noutras zonas do país, com um processo "faseado nos próximos
15 anos".
Na
cerimónia, Rui Araújo disse que esta é uma "aposta visionária" que se
enquadra na estratégia de desenvolvimento, permitindo ligar como nunca as
populações de Timor-Leste.
"Até
agora para chegar a Oecusse era como ir visitar um outro quarto da nossa casa e
termos que passar pela casa do vizinho", afirmou.
Mari
Alkatiri explicou que com o novo avião a viagem a Oecusse torna-se ainda mais
fácil, juntando-se aos meios marítimos já existentes e em fase de construção,
entre os quais um novo ferry que está a ser fabricado em Portugal e um novo
navio rápido já a funcionar.
"É
o primeiro avião de Timor-Leste. Nosso. Sem ser alugado", disse.
A
Presidência da República timorense foi a primeira instituição a recorrer ao
avião, tendo já marcado 15 lugares para uma visita em breve a Oecusse.
A
viagem até Oecusse deverá demorar cerca de 40 minutos.
ASP
// VM
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