Macau,
China, 07 jan (Lusa) -- A Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e
Patrióticos na China, de Hong Kong, anunciou hoje que vai realizar um protesto
no domingo para exigir respostas por partes das autoridades chinesas
relativamente ao desaparecimento de cinco livreiros da antiga colónia
britânica.
A
Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos na China é conhecida
nomeadamente por organizar anualmente a vigília em homenagem às vítimas do
massacre de Tiananmen, com Hong Kong a figurar como o único local em toda a
China a assinalar a efeméride, a par com a outra e vizinha Região
Administrativa Especial, Macau, que também o faz mas numa escala muito menor.
Segundo
a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), o grupo vai realizar uma
marcha no próximo domingo, que vai arrancar da sede do Governo, no complexo de
Tamar, com destino ao Gabinete de Ligação da China, e espera que cerca de 5.000
pessoas adiram à manifestação.
O
vice-presidente da Aliança, Richard Tsoi, instou a população a juntar-se à
iniciativa, afirmando que se trata de um momento crítico para Hong Kong
defender os direitos humanos e o princípio "Um país, dois sistemas",
que lhe confere autonomia relativamente a Pequim.
O
desaparecimento de cinco livreiros associados à publicação de obras críticas do
Partido Comunista da China tem desencadeado uma onda de revolta e preocupação
face à suspeita de que foram ilegalmente detidos pelas autoridades da China.
No
passado domingo, aproximadamente meia centena de pessoas, incluindo figuras
públicas como deputados, manifestaram-se também junto ao Gabinete de Ligação da
República Popular da China em Hong Kong para exigir respostas sobre o paradeiro
dos desaparecidos e pedindo uma investigação aos desaparecimentos.
Esse
protesto teve lugar depois de conhecido o mais recente caso, que envolve Lee
Bo, um dos responsáveis da livraria Causeway Books -- onde se podem encontrar
obras críticas do regime e do Partido Comunista chinês e, portanto, popular
entre muitos turistas provenientes da China, dado que lhes veem vedado o acesso
a este tipo de leituras.
Lee
Bo, de 65 anos, foi visto pela última vez no dia 30 de dezembro, no armazém da
Mighty Current, a casa editora proprietária da livraria, num caso que ocorreu
semanas depois de quatro dos seus associados terem desaparecido em
circunstâncias idênticas e que continua envolto em mistério.
Num
espaço de dias, a sua mulher apresentou queixa à polícia e retirou-a, dando
conta de que o marido dera sinais de vida ao enviar um fax, escrito à mão, a um
amigo, em que terá indicado ter ido à China "pelo seu próprio
método", que estava a trabalhar numa investigação que "pode levar
tempo", e que teve de gerir o assunto de forma "urgente" para
evitar que desconhecidos tomassem conhecimento.
Além
disso, terá assegurado, na mesma missiva, que estava bem e que tudo decorria
com normalidade.
Os
outros desaparecidos, além de Lee Bo, que detém passaporte britânico, são o
editor, que tem passaporte sueco Gui Minhai, desaparecido numa viagem à
Tailândia, o gerente geral do estabelecimento Lu Bo, o principal gestor do
negócio, Lin Rongji, e o funcionário Zhang Zhiping.
A
estes confusos factos, juntam-se declarações do deputado democrata e advogado
dos direitos humanos Albert Ho, segundo o qual estava em preparação um livro
sobre a vida amorosa do Presidente chinês, Xi Jinping, em particular sobre uma
namorada antiga, o que relacionou com os desaparecimentos.
O
Presidente chinês tem levado a cabo uma intensa campanha anticorrupção para
punir o alegado hedonismo no seio do Partido Comunista, o que inclui o que são
considerados excessos na vida sentimental dos membros do partido, alguns
publicados nas obras vendidas pela livraria Causeway Books.
Antiga
colónia britânica, Hong Kong foi devolvida à República Popular da China em
1997, sob a fórmula "um país, dois sistemas", que promete manter os
sistemas sociais e económicos da cidade durante 50 anos, detendo o estatuto de
Região Administrativa Especial.
DM
// JPF
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