Pequim,
31 dez (Lusa) -- A correspondente na China do semanário francês L'Obs, expulsa
pelo Governo de Pequim, deixou hoje a capital chinesa, apesar de o Governo
gaulês ter feito tudo para demover a China dessa decisão, afirmou o ministro
francês dos Negócios Estrangeiros.
Ursula
Gauthier anunciou ter sido informada no dia de Natal, pelas autoridades
chinesas, de que seria expulsa do país a 31 de dezembro de 2015, sendo o
primeiro jornalista estrangeiro a ser expulso da China desde 2012.
Colocada
na capital chinesa há seis anos, Gauthier foi alvo, durante um mês, de
violentos ataques por parte dos órgãos de comunicação social estatais chineses
e de funcionários, depois de ter publicado no 'site' do L'Obs um artigo sobre a
política repressiva aplicada em Xinjiang, uma vasta região da China ocidental
de maioria muçulmana.
Antes
de partir para o aeroporto, onde apanhou o voo da Air France que a levará de
volta a Paris, Ursula Gauthier disse à AFP que temia "dias negros para os
jornalistas e os media" na China.
"O
que aconteceu com este pequeno artigo sobre Xinjiang pode acontecer com
qualquer outra coisa", disse a jornalista, acrescentando que "isto
pode ser realmente perigoso no futuro".
Para
Gauthier, a França e toda a Europa devem estar "preocupadas com o que se
passa, não por se tratar de uma jornalista, não apenas por causa da liberdade
de imprensa, mas pela China e pelo que o país está a fazer às suas minorias, e
até à sua maioria".
O
Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) francês, acusado de não ter tido
qualquer ação relativamente a este dossier, declarou que "multiplicou os
esforços" para tentar convencer a China a reconsiderar a expulsão da
correspondente do semanário L'Obs.
"Desde
que foi conhecida a situação da senhora Gauthier que a França, assim como os
seus parceiros da União Europeia, multiplicaram os esforços, em Paris como em
Pequim", escreveu o MNE francês num comunicado enviado à AFP.
Segundo
o documento, tiveram lugar "duas ações sucessivas" do embaixador
francês em Pequim, "três ações junto do embaixador da China em Paris, uma
declaração da União Europeia em Pequim", por iniciativa da França.
Os
responsáveis de vários órgãos franceses de comunicação social publicaram, na
quarta-feira, editoriais a denunciar a expulsão da jornalista e a fraca reação
francesa em relação a essa decisão.
Publicamente,
o ministro francês dos Negócios Estrangeiros limitou-se simplesmente a lamentar
a decisão de Pequim. Já hoje, depois de reiterar o seu lamento, apelou às
autoridades chinesas para que revissem a situação de Ursula Gauthier para que
ela pudesse "continuar a exercer a sua missão na China".
"A
França recorda o seu compromisso com o livre exercício do jornalismo em todo o
mundo", lê-se no comunicado hoje divulgado pelo MNE.
Depois
de seis anos em serviço na China, Ursula Gauthier deverá aterrar em Paris na
madrugada de sexta-feira.
Gauthier
é a primeira correspondente estrangeira a ser expulsa da China, desde 2012,
quando o mesmo aconteceu a Melissa Chan, que trabalhava para a cadeia de
televisão Al Jazeera.
IMA
(JS) // MAG
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