Hong
Kong, China, 11 fev (Lusa) -- Trinta e sete pessoas foram hoje presentes a
tribunal em Hong Kong e acusadas individualmente de participação em motim, em
conexão com os distúrbios registados na noite segunda-feira, informa a imprensa
local.
Um
adolescente de 15 anos, que enfrenta a mesma acusação, deverá ser presente a um
tribunal juvenil, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
Entre
os acusados está o porta-voz do grupo Hong Kong Indigenous, Edward Leung --
apontado como candidato às eleições deste ano para o Conselho Legislativo
(LegCo) - e Stephen Ku Bok-him, da revista dos alunos da Universidade de Hong
Kong Undergrad.
Derek
Lam, um membro do movimento estudantil Scholarism -- que esteve envolvido nos
protestos pró-democracia em 2014 -- integra também o grupo de acusados.
A
acusação requereu o adiamento dos casos para 07 de abril para dar continuidade
à investigação da polícia.
O
crime de que são acusados é punível com uma sentença de até 10 anos de prisão.
Até
quarta-feira, foram detidas 64 pessoas em conexão com os incidentes ocorridos
na noite de segunda-feira na zona de em Mong Kok. Destes, foram acusados 35
homens e três mulheres com idades entre 15 e 70 anos.
Os
distúrbios, que escalaram de um protesto contra uma tentativa da polícia para
dispersar vendedores ambulantes de comida, resultaram em 130 feridos, a maioria
polícias, refere a RTHK. Seis pessoas continuavam na manhã de hoje (madrugada
em Lisboa) internadas no hospital.
O
grupo 'Scholarism' disse em comunicado que Derek Lam esteve apenas quatro horas
em Mong Kok na noite de segunda-feira e que não participou nos confrontos
violentos nem atacou os polícias.
Segundo
o Scholarism, agentes tentaram revistar a casa de Derek Lam sem um mandado do
tribunal e que a revista não chegou a acontecer porque o seu advogado chegou
rapidamente ao local.
Em
declarações hoje à RTHK, o líder do Scholarism, Joshua Wong, advertiu que Hong
Kong pode testemunhar mais incidentes como os motins de Mong Kok, se a
abordagem do Governo liderado por Leung Chun-ying, também conhecido por CY
Leung, não mudar.
Wong
disse que vários partidos políticos e amplos setores da sociedade condenaram a
violência, mas que o Governo deve aceitar a responsabilidade pela divisão
social que existe.
Segundo
Wong, alguns ativistas radicalizaram-se após os protestos pró-democracia de
2014, por considerarem que os movimentos pacíficos não conseguem mudanças.
Também
o deputado do Partido Democrático James To disse que prender pessoas não
resolve nada e defendeu que é preciso analisar as razões pelas quais tantos
jovens desenvolveram um profundo ódio à polícia e às autoridades.
Já
o deputado da Liga dos Sociais Democratas Leung Kwok-hung, conhecido por ações
radicais dentro e fora do Conselho Legislativo, disse que as pessoas estão
fartas de CY Leung, que descreveu como um tirano que não foi eleito pela
população.
Por
sua vez, o deputado Tam Yiu-Chung, do partido pró-Pequim Aliança Democrática
para a Melhoria e Progresso de Hong Kong (DAB, na sigla inglesa), apontou os
protestos pró-democracia em 2014 como a razão da radicalização dos
manifestantes.
Para
Tam Yiu-Chung, estes manifestantes estão cada vez mais arrojados nas suas
ações, advertindo que este é um caminho perigoso, desencadeado por não terem
sido punidos adequadamente.
A
ação da polícia também está sob escrutínio. Um jornalista do jornal em língua
chinesa Ming Pao disse que foi espancado por agentes quando estava a tirar
fotografias a um autocarro, apesar de ter gritado repetidamente que era
repórter.
Entretanto,
o secretário para as Finanças do Governo de Hong Kong, John Tsang, disse
acreditar que a violência foi incitada por um pequeno grupo de pessoas
irracionais que queriam atacar a polícia.
Também
acrescentou que não é apropriado justificar as ações dos atacantes culpando o
Governo de CY Leung pir má governação, porque não há desculpas para a
violência.
FV
(MP) // MP
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