Díli,
11 abr (Lusa) - A economia timorense deverá crescer entre 04 e 06 por cento nos
próximos anos, estimulada por investimento público, com o setor petrolífero a
cair gradualmente até ao fim previsto da produção em 2022, segundo o Banco
Mundial.
"O
balanço fiscal continuará fraco devido a menor receita petrolífera e mais
gastos públicos, o que obrigará a mais levantamentos do Fundo Petrolífero,
acima do rendimento estimado sustentável, e a mais empréstimos", refere a
instituição num relatório divulgado hoje.
"Como
resultado, o saldo no Fundo Petrolífero deverá cair anualmente", sublinha,
notando que o país, "um dos mais dependentes em petróleo do mundo",
está numa fase de transição significativa com a queda do setor.
"Para
cumprir esta difícil transição para um nível de rendimento mais elevado, o país
enfrenta o desafio de como usar os seus recursos finitos e centrar os esforços
de reformas para catalisar investimento e criar empregos", refere o
estudo.
A
análise faz parte de um relatório do Banco Mundial sobre a situação económica
no leste da Ásia e no Pacífico, divulgado em Washington que refere o
crescimento "resiliente" da região, antevendo uma desaceleração
mínima nos próximos anos.
Uma
previsão, sublinha, sujeita a "elevados riscos" o que obriga os países
da região a manter políticas monetárias e fiscais que "reduzam
vulnerabilidades, reforcem credibilidade" continuando com reformas
estruturais essenciais.
O
Banco Mundial prevê que, a nível regional, o crescimento económico caia duas
décimas de 6,5% no ano passado para 6,3% este ano, desacelerando para 6,2% em
2017 e 2018, em parte devido à desaceleração do crescimento na China que se
espera caia duas décimas de 6,9 para 6,7% este ano e mais duas para 6,5% em
2017.
No
caso de Timor-Leste o estudo nota que o crescimento económico não petrolífero
em Timor-Leste tocou fundo em 2013, a 2,8%, recuperando para 6% em 2014 e
caindo novamente para 4% no ano passado, valores muito abaixo dos crescimentos
do início da década.
Apesar
do crescimento depender, praticamente em exclusivo, de gastos públicos, a
melhoria das infraestruturas e do mercado interno poderá levar a um crescimento
maior do setor privado nos próximos anos.
"Há
potencial para o desenvolvimento de vários setores em Timor-Leste, devido à sua
posição geográfica próximo das cadeias de valor da Austrália e do Sudeste
Asiático, incluindo manufatura básica, turismo e agricultura de nicho",
refere o relatório.
Avançar
em infraestruturas básicas e melhorar o ambiente empresarial - atualmente um
dos menos atrativos do mundo, segundo o Banco Mundial - são essenciais para
esta transição económica, com reforço dos sistemas de registo de empresas,
resolução de disputas e terras e propriedades.
"Apesar
de Timor-Leste ter muito para oferecer precisa de lidar com estes obstáculos
críticos antes de, realisticamente, esperar conseguir atrair investimento
externo e estimular empresários domésticos", considera.
No
setor petrolífero o estudo recorda que os desenvolvimentos recentes tiveram
"um grande impacto nos indicadores macroeconómicos com o PIB, incluindo
produção petrolífera da Área Conjunta de Desenvolvimento Petrolífero no Mar de
Timor, a cair de 6,8 mil milhões em 2012 para cerca de 2,6 mil milhões no ano
passado.
"Isto
deve-se tanto ao colapso dos preços como à queda dos volumes de produção nos
campos", refere, notando que as receitas petrolíferas caíram de 3,9 mil
milhões em 2013 para 960 milhões no ano passado.
O
outro produto timorense, o café, também tem registado quedas, descendo de 18,8
milhões de dólares (34 milhões de quilos) em 2012 para 15,8 milhões (17,6
milhões de quilos) em 2013 e para 13,8 milhões de dólares (10,2 milhões de
quilos) em 2014.
ASP
// JPS
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