segunda-feira, 11 de abril de 2016

Economia timorense deverá crescer entre 04 e 06% - Banco Mundial


Díli, 11 abr (Lusa) - A economia timorense deverá crescer entre 04 e 06 por cento nos próximos anos, estimulada por investimento público, com o setor petrolífero a cair gradualmente até ao fim previsto da produção em 2022, segundo o Banco Mundial.

"O balanço fiscal continuará fraco devido a menor receita petrolífera e mais gastos públicos, o que obrigará a mais levantamentos do Fundo Petrolífero, acima do rendimento estimado sustentável, e a mais empréstimos", refere a instituição num relatório divulgado hoje.

"Como resultado, o saldo no Fundo Petrolífero deverá cair anualmente", sublinha, notando que o país, "um dos mais dependentes em petróleo do mundo", está numa fase de transição significativa com a queda do setor.

"Para cumprir esta difícil transição para um nível de rendimento mais elevado, o país enfrenta o desafio de como usar os seus recursos finitos e centrar os esforços de reformas para catalisar investimento e criar empregos", refere o estudo.

A análise faz parte de um relatório do Banco Mundial sobre a situação económica no leste da Ásia e no Pacífico, divulgado em Washington que refere o crescimento "resiliente" da região, antevendo uma desaceleração mínima nos próximos anos.

Uma previsão, sublinha, sujeita a "elevados riscos" o que obriga os países da região a manter políticas monetárias e fiscais que "reduzam vulnerabilidades, reforcem credibilidade" continuando com reformas estruturais essenciais.

O Banco Mundial prevê que, a nível regional, o crescimento económico caia duas décimas de 6,5% no ano passado para 6,3% este ano, desacelerando para 6,2% em 2017 e 2018, em parte devido à desaceleração do crescimento na China que se espera caia duas décimas de 6,9 para 6,7% este ano e mais duas para 6,5% em 2017.

No caso de Timor-Leste o estudo nota que o crescimento económico não petrolífero em Timor-Leste tocou fundo em 2013, a 2,8%, recuperando para 6% em 2014 e caindo novamente para 4% no ano passado, valores muito abaixo dos crescimentos do início da década.

Apesar do crescimento depender, praticamente em exclusivo, de gastos públicos, a melhoria das infraestruturas e do mercado interno poderá levar a um crescimento maior do setor privado nos próximos anos.

"Há potencial para o desenvolvimento de vários setores em Timor-Leste, devido à sua posição geográfica próximo das cadeias de valor da Austrália e do Sudeste Asiático, incluindo manufatura básica, turismo e agricultura de nicho", refere o relatório.

Avançar em infraestruturas básicas e melhorar o ambiente empresarial - atualmente um dos menos atrativos do mundo, segundo o Banco Mundial - são essenciais para esta transição económica, com reforço dos sistemas de registo de empresas, resolução de disputas e terras e propriedades.

"Apesar de Timor-Leste ter muito para oferecer precisa de lidar com estes obstáculos críticos antes de, realisticamente, esperar conseguir atrair investimento externo e estimular empresários domésticos", considera.

No setor petrolífero o estudo recorda que os desenvolvimentos recentes tiveram "um grande impacto nos indicadores macroeconómicos com o PIB, incluindo produção petrolífera da Área Conjunta de Desenvolvimento Petrolífero no Mar de Timor, a cair de 6,8 mil milhões em 2012 para cerca de 2,6 mil milhões no ano passado.

"Isto deve-se tanto ao colapso dos preços como à queda dos volumes de produção nos campos", refere, notando que as receitas petrolíferas caíram de 3,9 mil milhões em 2013 para 960 milhões no ano passado.

O outro produto timorense, o café, também tem registado quedas, descendo de 18,8 milhões de dólares (34 milhões de quilos) em 2012 para 15,8 milhões (17,6 milhões de quilos) em 2013 e para 13,8 milhões de dólares (10,2 milhões de quilos) em 2014.

ASP // JPS

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