Hong
Kong, 20 jun (Lusa) -- O chefe do Executivo de Hong Kong falou hoje sobre a
detenção na China de um dos livreiros desaparecidos em 2015 e assegurou que vai
transmitir a Pequim a sua preocupação com o sucedido.
Leung
Chun-ying explicou que vai escrever ao Governo Central depois de Lam Wing-kee
ter assegurado, na semana passada, que foi sequestrado por uma unidade de
agentes chineses quando se encontrava em visita à cidade de Shenzhen e que foi
detido durante oito meses, com todas as comunicações cortadas, informa a
emissora pública RTHK.
Lam
assegurou que foi forçado a assinar um documento em que prescindia de um
advogado ou de contactar familiares e que também foi obrigado a gravar uma
confissão falsa para ser transmitida na televisão, em que dizia que tinha feito
chegar livros proibidos à China.
O
chefe do Executivo de Hong Kong, que regressou hoje de umas férias de nove
dias, indicou também que será revisto o mecanismo através do qual as
autoridades da China devem notificar as de Hong Kong sobre a detenção dos seus
residentes noutras partes do país.
Caso
seja necessário, Leung garantiu que enviará funcionários do seu Governo para
seguir o caso na China.
Lam
foi libertado sob a promessa de que voltaria para entregar às autoridades
chinesas um disco rígido com informação sobre os clientes da sua livraria,
Causeway Bay. O livreiro decidiu não responder a esta exigência e optou por
revelar, numa conferência de imprensa, as condições a que foi submetido durante
os meses em que esteve detido.
O
chefe do Executivo de Hong Kong explicou que a polícia local contactou Lam e
afirmou que será garantida a sua segurança. O livreiro recusou pedir asilo
político noutros países, segundo informou o deputado Albert Ho.
Lam
e outros quatro livreiros ligados à livraria Causeway Bay e à editora Mighty
Current desapareceram entre outubro e dezembro do ano passado e reapareceram
sob custódia das autoridades da China.
Quatro
deles foram libertados, mas Gui Minhai, que também tem passaporte sueco,
continua nas mãos das autoridades depois de ter desaparecido na Tailândia.
Numa
entrevista ao diário South China Morning Post, Lam, o único que falou sobre o
que lhe aconteceu, disse que as autoridades chinesas planeiam condenar Gui
entre setembro e dezembro deste ano e deixar os restantes "sem
castigo".
Tudo
indica que o que está em causa são os livros em que a editora de Gui se
especializava, com detalhes da vida privada dos líderes chineses, incluindo o
Presidente Xi Jinping, sobre quem estava a ser preparado um relato sobre as
suas amantes, segundo especialistas consultados pela agência de notícias Efe.
ISG
// MP
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