Díli,
29 jun (Lusa) - Tiago Guerra, português retido em Díli por suspeitas de
branqueamento de capitais, mas ainda sem acusação formal, manifestou-se hoje
"triste" por ter sido ouvido pelo Ministério Público esta semana, só
mais de 20 meses depois de ser detido.
"Estou
muito triste que tenha demorado mais de 20 meses para que pudéssemos falar e
clarificar vários aspetos desta situação", disse à Lusa depois de ter sido
ouvido durante mais de sete horas nos últimos três dias.
Ao
lado da mulher, Fong Fong, que também foi ouvida, separadamente, durante mais
de sete horas e meia esta semana, Tiago Guerra lamentou que só tenha sido
ouvido sobre o conjunto de material que a defesa entregou ao Ministério
Público, mais de 15 meses depois de os documentos serem entregues.
"Foram
mais de 15 meses para que os dados que entregámos pudessem ser falados",
explicou.
Sem
avançar dados do conteúdo do interrogatório, que permanece como o processo em
segredo de justiça, Tiago Guerra disse que esperava que o desenlace do processo
se resolva em breve.
"Continuamos
com as vidas penduradas e esperamos que isto possa ter um desenlace o mais
rapidamente possível", afirmou Tiago Guerra.
"Sinto
que a procuradora está confusa com o que tem em mãos e espero que as nossas
explicações tenham ajudado. Continuamos disponíveis para clarificar qualquer
outra informação que seja necessária", disse Fong Fong.
Tiago
Guerra e Fong Fong disseram que o interrogatório foi estruturado, exaustivo,
decorreu sem hostilidade e permitiu à defesa clarificar "alguns aspetos
importantes do processo" e recordar parte do conteúdo da documentação
"significativa" que foi remetida ao Ministério Público em março de
2015.
Tiago
Guerra foi detido para interrogatório a 18 de outubro de 2014, passou três dias
na esquadra da polícia de Caicoli e a 21 do mesmo mês foi ouvido no Tribunal de
Díli, onde o juiz ordenou a sua prisão preventiva, entrando na cadeia de
Becora, onde ficou preso até 16 de junho do ano passado.
Desde
aí está, como a mulher, com Termo de Identidade e Residência (TIR) e
impossibilitado de sair do país.
Em
abril, o procurador-geral timorense garantiu à Lusa que o Ministério Público
está prestes a terminar a investigação no processo e que entre "agosto e
outubro" o caso é arquivado ou segue para julgamento.
"Pedimos
informações a outros países, já recebemos respostas a cartas rogatórias de
Portugal e Macau, mas estamos à espera de outras diligências para complementar
o caso. Esperamos completar a investigação no mês de junho e podemos acusar ou
arquivar o processo depois disso. No máximo entre agosto e outubro, dependendo
das provas, será acusado ou arquivado", afirmou o responsável do
Ministério Público timorense, José Ximenes.
ASP
// EL
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