Macau,
China, 04 jul (Lusa) -- A deputada de Macau Song Pek Kei criticou hoje o
secretário para os Assuntos Sociais, dizendo que a promessa que fez em 2014 de
que os cinco anos seguintes seriam "a era mais brilhante da saúde"
foram "palavras ocas".
Na
origem do descontentamento está o atraso na construção do novo hospital de
Macau, uma obra discutida há uma década e que já este ano foi prometida para
2019, mas cujo prazo foi recentemente adiado para uma data indeterminada,
devido a sucessivas correções ao projeto.
"Se
nem o problema de um único hospital se consegue resolver, como é que se pode
falar em 'cinco anos brilhantes' para a saúde? Palavras ocas só prejudicam o
prestígio do Governo", afirmou a deputada na Assembleia Legislativa,
eleita por sufrágio direto, no período de intervenções antes da ordem no dia.
A
crítica foi dirigida a Alexis Tam que, após ter sido nomeado para a pasta dos
Assuntos Sociais e Cultura, em 2014, deixou uma promessa: "Sei que agora
as pessoas estão a ter dificuldade no acesso à saúde e já estamos a fazer o
nosso trabalho para criar um novo hospital no Cotai e no futuro iremos fazer
muito trabalho para servir a nossa sociedade. Nestes cinco anos irei melhorar o
sistema de saúde. Prometo que os próximos cinco anos serão a era mais brilhante
da saúde".
Dois
anos depois, o novo hospital conta apenas com as fundações, com o executivo a
reafirmar, na semana passada, que não há data ou orçamento para a obra, já que
o projeto -- a ser elaborado em parceria pelas Obras Públicas e Serviços de
Saúde -- tem sido alvo de sucessivos reparos.
"Naquela
altura bateu-se com a mão no peito e assumiu-se uma promessa, só que esta
promessa desapareceu sem deixar nem sombra nem rasto! (...) Como é que, perante
tão elevado grau de atenção, surgiram tantos problemas", questionou Song
Pek Kei.
A
deputada criticou a divisão da obra "em duas partes", sublinhando que
os Serviços de Saúde, apesar de "saberem melhor quais são as necessidades
de equipamentos", são "leigos em matéria de engenharia".
Song
Pek Kei apontou também o dedo ao projetista que "não passou por qualquer
concurso público" e "conseguiu a adjudicação da obra por ajuste
direto", tendo recebido 235 milhões de patacas (26 milhões de euros), mas,
"como não entregou tudo o que era necessário", levou à
"paralisação total das obras do hospital das ilhas".
A
deputada referia-se ao facto de as plantas terem sido sucessivamente corrigidas
depois de os dez serviços públicos envolvidos lhes apontarem falhas, o que tem
sido apontado como o grande motivo de atraso da obra.
A
questão foi também referida pela deputada Wong Kit Cheng, igualmente eleita por
sufrágio direto: "Este vai e vem de alterações implica arrastamento atrás
de arrastamento, mas é necessário definir um prazo para a definição do plano,
não se pode voltar a recorrer ao pretexto do constante aperfeiçoamento para
permitir obras sem prazo".
ISG
// VM
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