sábado, 30 de julho de 2016

QUANDO UM GOLPE VAI ALÉM DA FACE DE UM HOMEM



O vídeo que mostra um policial dando uma bofetada no jornalista Jeronimo da Silva para que este deixe de registrar a realização de uma blitz ( check point ) mancha a imagem da Policia Nacional do Timor Leste diante do país e do mundo.

Uma cobertura jornalística ser hostilizada por contemplar uma ação policial já é algo, no mínimo, estranho, pois se funcionários públicos estão agindo dentro da lei e da ordem é natural que não temam quaisquer formas de observação e captação de imagens. E a filmagem evidencia haver algo mais que estranho, pois nela aquele mau funcionário (pago com nossos impostos, inclusive) mostrou que a lei e a ordem nem sempre permeiam a conduta dos membros daquela instituição que por elas deveriam se orientar sempre, para não correr o risco de deseducar nossos jovens.

O fato de o agressor não ter hesitado, mesmo diante da condição social e intelectual do agredido e da possibilidade de seu ato estar sendo registrado, deixa-nos a imaginar quantas vezes o autoritarismo em questão se repete no cotidiano  timorense, vitimando, principalmente, pessoas mais humildes e menos esclarecidas que silenciam não por concordarem ou se acostumarem ao abuso de autoridade, mas por receio de que uma possível denúncia venha a ser ignorada ou, ainda, se tornar motivo de retaliação.

Seria ignorada uma tentativa de moralizar tal corporação, que tem a obrigação de dar bons exemplos à sociedade? Ora, parte dessa corporação, ao invés de se sentir envergonhada com a atitude à margem da civilização, tentou acobertar o erro negando a ocorrência denunciada pelo jornalista. Sorte que tudo foi filmado, senão a vítima passaria a acusada e o acusado passaria a vítima, numa completa inversão de papéis e valores.

E por que não esperar uma retaliação, se o bom cidadão, no exercício do seu trabalho honesto, recebe um tapa na cara? Por parte de um servidor público que deveria apreciar e proteger o bom cidadão, o trabalhador honesto. Que país  é esse?

O que devem estar se perguntado os internautas de diversos países do mundo ao verem o referido vídeo? Perguntarão: Timor admite policiais que não estudaram o suficiente para o cargo que ocupam? Ficam apenas no papel as normas estatutárias e regimentais que regulam a conduta dos militares? A corporação orienta equivocadamente seus membros?

É imprescindível uma ação rápida, enérgica e exemplar sobre o ocorrido, antes que a mão que bate no cidadão de bem ouse cumprimentar o bandido.* 

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