Beja,
07 jul (Lusa) -- O ex-Presidente timorense, José Ramos-Horta, defendeu hoje
que, apesar da "crise económico-financeira que afeta tantos países"
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), existem
"oportunidades" de negócio que os empresários devem aproveitar.
"A
minha mensagem é a de que as crises criam oportunidades", incentivou
Ramos-Horta, em declarações à agência Lusa, depois de ser homenageado numa
cerimónia no Instituto Politécnico de Beja, no âmbito do III Fórum dos
Exportadores da CPLP, que está a decorrer na cidade.
Ao
intervir na sessão em que foi homenageado, o antigo Presidente de Timor-Leste
já tinha deixado esta mensagem e deu como exemplo o caso de um grande
empresário norte-americano que comprou dívida da Guiné-Bissau, num momento de
instabilidade política, e que, mais tarde, quando a vendeu, obteve um lucro de
30%.
Nas
declarações à Lusa, Ramos-Horta insistiu que, "quando um país está em
crise económico-financeira", quem tiver capital "deve investir".
"Compra
barato, ou ao desbarato", e tem de "ter paciência e dinamismo para
começar a criar de novo riqueza, a partir daí", afirmou, sublinhando são
"inteligentes e pragmáticos" os que assim investem: "É assim o
sucesso que conheço de tantos grandes homens de negócio pelo mundo fora".
O
também Prémio Nobel da Paz de 1996 admitiu à Lusa não estar "à
espera" desta homenagem em Beja, o que é revelador do "grande coração
alentejano", e disse ter ficado "agradavelmente surpreendido"
pela "adesão de tanta gente" ao III Fórum dos Exportadores da CPLP,
que se realiza até sábado.
"Eu
receava que, com a crise-económico financeira que afeta tantos países da CPLP e
o mundo, a adesão seria pouca, porque há muito desânimo", afirmou,
indicando, a título de exemplo, "a situação em Angola, onde há pessoas a
regressarem".
No
âmbito do fórum promovido pela União de Exportadores da CPLP (UE-CPLP),
Ramos-Horta sugeriu que empresários de vários países da comunidade, como
Portugal, Brasil, Angola ou Moçambique, "juntem capital e esforços com
empresários timorenses para explorar o mercado de Timor" e todo o
"mercado da região do sudeste asiático e vice-versa".
"A
pouco e pouco podem-se formar núcleos solidários, não só de sentimentos, mas de
interesses concretos", indicou, considerando que Timor-Leste, no âmbito da
CPLP, pode também funcionar como "centro de armazém e de reexportação de
produtos de países da CPLP" para o sudeste asiático.
A
homenagem ao ex-Presidente de Timor-Leste foi promovida pela UE-CPLP e pelo
Instituto Politécnico de Beja, cujos responsáveis destacaram à Lusa o caráter
emblemático de Ramos-Horta.
É
"um símbolo mundial e queremos que ele seja também uma bandeira da
CPLP", disse o presidente da UE-CPLP, Mário Costa, corroborado pelo
presidente do instituto politécnico, Vito Carioca, que disse ainda que a
instituição quer "criar um pilar muito forte com a CPLP".
"Num
momento em que assistimos a algumas convulsões políticas em certos países da
CPLP, nada melhor do que um Prémio Nobel da Paz para tentar convencer os
empresários a abstraírem-se desses problemas e a focarem-se no negócio",
acrescentou Mário Costa.
RRL
// EL
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