Macau,
China, 25 fev (Lusa) -- Encarregados de educação expuseram hoje as suas dúvidas
sobre as turmas bilingues que vão ser criadas, pela primeira vez, a partir do
próximo ano letivo, em duas escolas públicas de Macau, a dias da abertura das
inscrições.
A
forma de funcionamento das turmas bilingues, em português e mandarim, os
requisitos exigidos aos alunos ou a língua veicular das disciplinas figuraram
entre as perguntas colocadas hoje por pais -- chineses e portugueses -- que
encheram a sala onde teve lugar uma sessão de esclarecimento sobre o
projeto-piloto promovida pela Direção de Serviços de Educação e Juventude
(DSEJ).
Com
o intuito de formar talentos bilingues, o Governo de Macau anunciou, na semana
passada, que pretende criar uma ou duas turmas em português e chinês no
primeiro ano do ensino primário e ensino secundário geral na Escola Oficial
Zheng Guanying e no primeiro ano do ensino primário na Escola Primária
Luso-Chinesa da Flora.
Diana
Massada, que tem um filho a frequentar o primeiro ano do ensino infantil na
Zheng Guanying, do qual é o único ocidental, foi uma das participantes: "A
razão de ter vindo cá é tentar perceber até que ponto esta formação de
bilingues se vai efetivar, porque o projeto é, sem dúvida, interessante e
necessário em Macau", afirmou, falando das dificuldades na prática.
"Para
um aluno que em casa fala português ter o ensino de português como língua
estrangeira é desmotivante -- não é bom pedagogicamente. E, portanto, é preciso
pensar este projeto para que se possam formar bilingues -- quer de língua-mãe,
em casa chinesa, quer de língua-mãe, em casa portuguesa", observou,
considerando o projeto "essencial para Macau", apesar de ter
"muito para andar e ser trabalhado".
Segundo
Iun Pui Un, chefe de departamento de Gestão e Administração Escolar da DSEJ e
as diretoras das duas escolas, as disciplinas vão ser ministradas parte em
português e parte em mandarim, pretendendo-se um "equilíbrio", para
permitir aos alunos "aplicar mais essas duas línguas" e "fortalecer
as suas bases".
Com
efeito, o português vai ser a língua veicular das aulas de educação física,
artes visuais ou música; enquanto disciplinas mais fundamentais, como
matemática, por exemplo, vão ser lecionadas em mandarim, segundo explicado
durante a sessão.
Outra
dúvida teve a ver com o conhecimento que os alunos precisam de ter à partida.
"O melhor é ter já uma base, mas não é um princípio fundamental. É só o
ideal", sublinhou Iun Pui Un, garantindo que aos alunos com dificuldades
será dado "apoio" complementar.
Vários
pais manifestaram interesse no novo programa, mas também
"preocupação", receando que os seus filhos não se consigam adaptar ao
novo modelo de ensino ou que seja exercida uma maior pressão sobre eles ao
nível da aprendizagem.
O
período de inscrição para as turmas bilingues decorre de 01 a 31 de março.
A
criação das novas turmas bilingues será estendida, anual e progressivamente,
aos anos de escolaridade mais avançados.
Apesar
de o português e o chinês serem línguas oficiais -- e toda a máquina
administrativa de Macau funcionar nos dois idiomas -- são poucos os residentes
que dominam as duas línguas. Além disso, nas ruas, nas lojas e nas escolas o
cantonês sempre foi a língua maioritária, apesar da crescente presença do
mandarim.
DM
(ISG) // MAG
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