Díli,
14 mar (Lusa) - António da Conceição explica que só suspendeu a sua atividade
como ministro da Educação timorense "até ao dia 18", quando termina a
campanha para as presidenciais, mas mostra-se convicto de que vai ser o próximo
chefe de Estado.
Uma
convicção, explicou em entrevista à Lusa, que advém do facto de se ver como
representante de uma nova geração "preparada para dar continuidade aos
sonhos" dos "fundadores da nação que estão a entrar na idade da
velhice".
"É
importante demonstrar também à geração antiga que a nova geração está preparada
para dar continuidade aos sonhos que eles sonharam para este país",
sublinhou.
Mostra-se
convicto na passagem à segunda volta e afirma que o seu sucesso vai ser o dos
líderes históricos, de quem foi seguidor e com quem participou, depois,
individualmente e através do Partido Democrático (PD), "na construção da
nação" e na viabilização e formação do Governo".
O
seu partido, insiste, tem sempre estado empenhado na promoção do diálogo e esta
é uma oportunidade de dar continuidade a isso e, assim, "com o apoio de
uma nova geração emergente, poder ganhar esta eleição".
Considerado
o segundo candidato mais forte - atrás de Francisco Guterres Lu-Olo, que é
apoiado pelos dois maiores partidos timorenses, Fretilin e CNRT - António da
Conceição apresenta-se como mais do que uma alternativa ao favorito.
Na
prática representa uma transição no próprio partido em que, desde o congresso
do mês passado, é secretário-geral assumindo formalmente o fim da era do
fundador e figura história do PD, Fernando La Sama de Araújo, que morreu em
meados de 2015.
António
da Conceição, 52 anos, substituiu La Sama como ministro da Educação depois da
sua morte e esta ligação especial evidencia-se nos cartazes da campanha com uma
imagem de La Sama - ligeiramente ténue a flutuar sobre um nuvem por cima do
ombro esquerdo do seu sucessor - a marcar todos os cartazes da campanha.
Num
país onde estas questões ainda são importantes e La Sama é o
"saudoso" líder da Renetil (a ala juvenil da resistência), acaba por
ser igualmente simbólico que António da Conceição tenha tido no sorteio do
boletim de voto o mesmo número, o 8, que calhou a La Sama quando este se
candidatou à Presidência em 2007.
Natural
de Bazartete, mas filho de gentes da ponta leste do país, António da Conceição
insiste que é salutar que a sua candidatura seja apoiada por um ou mais
partidos, mostrando "a importância e a força do multipartidarismo".
Compromete-se
a ser um Presidente, se for eleito, empenhado "na consolidação das instituições
do Estado e na promoção do diálogo entre estas instituições", considerando
que a separação de poderes não implica que os órgãos de soberania não cooperem.
Considera
ser essencial olhar para o passado, recordando os laços com a Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a comunidade internacional, apoiando o
fortalecimento das relações externas, a aposta na adesão à Associação de Nações
do Sudeste Asiático (ASEAN) e uma agenda de contactos externos ampla.
A
nível nacional quer fomentar uma agenda de "desenvolvimento
equilibrado" que "não pode beneficiar apenas as pessoas das
cidades" mas tem que olhar as zonas mais remotas onde a maioria da
população vive.
"O
Presidente não terá funções executivas diretas mas tem função de advocacia, e
pode apelar ao governo para olhar para essas prioridades, porque temos de ver
as condições de hoje para preparar o futuro. Se não prepararmos o hoje como
poderemos ter futuro melhor", disse.
Sobre
os três chefes de Estado desde a independência, Conceição diz que todos o
inspiram e que é obrigação do seguinte dar continuidade ao trabalho que já foi
feito. Xanana Gusmão "teve que consolidar a independência e apostar na
reconciliação, trazendo os timorenses de volta e normalizar as relações com a
Indonésia.
Ramos-Horta
apostou em "manter a estabilidade do país" e o fortalecimento dos
laços com a comunidade internacional e Taur Matan Ruak olho muito para o
desenvolvimento do país e como o povo, "que sofreu está a participar nesse
desenvolvimento".
Explica
que a tensão que possa haver entre as instituições é positiva, mas se não
passar a ser "cada uma apostada em manter a sua posição" e se for
feito no clima de diálogo "em defesa do interesse nacional".
"Não
são apostas de cada instituição. São objetivos comuns para que todos temos de
contribuir para melhorar a situação", afirmou.
As
eleições presidenciais decorrem a 20 de março e a campanha termina com um
debate a oito no dia 17 de março.
ASP
// EL - Foto@ António Dasiparu /EPA
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