Lifau,
Timor-Leste, 12 jun (Lusa) - A população da zona ocidental do enclave timorense
de Oecusse está a partir de hoje menos isolada, beneficiando da Ponte de
Noefefan, inaugurada no fim de semana e que atravessa a ribeira de Tono,
intransitável na época das chuvas.
Considerado
já um dos projetos mais emblemáticos do programa de desenvolvimento da Região
Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) a ponte - de 360 metros de
comprimento, 20 metros de altura e com três arcos - foi inaugurada pelo
Presidente da República Francisco Guterres Lu-Olo.
Um
investimento de 17 milhões que permite que a população da metade ocidental do
enclave tenha um acesso mais rápido e seguro à capital da RAEOA, Pante
Macassar, de onde partem as principais ligações - por mar, ar e terra - para o
resto de Timor-Leste.
A
ligação entre as duas zonas do enclave, separadas pela ribeira de Tono, não era
sempre fácil, especialmente na época das chuvas - entre novembro e abril - em
que a travessia chegava a tornar-se impossível.
Mais
de 3.600 famílias residentes na parte ocidental do enclave podem agora ter
acesso à capital e aos seus serviços, incluindo acesso a escolas e ao Hospital
de Referência, enquanto o Estado passa a ter mais acesso para o desenvolvimento
de outros serviços nessas zonas, incluindo eletricidade e água e saneamento,
destacam as autoridades da RAEOA.
Para
o chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, a ponte é o símbolo de um projeto
mais amplo de desenvolvimento que pretende "corrigir" a injustiça dos
primeiros anos depois da independência, em que o enclave foi deixado na
periferia.
Lu-Olo
recordou que foi no enclave, mais propriamente na praia de Lifau, que começou a
história de Timor-Leste, já que foi ali que chegaram, há 500 anos, os primeiros
navegadores e missionários portugueses.
Oecusse,
disse, merece um tratamento especial na Constituição de Timor-Leste mas só nos
últimos dois anos, com o projeto de desenvolvimento da RAEOA se começou "a
fazer justiça" garantindo que a região "deixa de ser enclave, deixa
de estar isolada".
O
Presidente recordou que, além do isolamento, o enclave sofria outros problemas,
inclusive naturais, que "entravavam o desenvolvimento" como é o caso
de "chuvas abundantes que provocavam cheias que separavam as
populações".
No
intuito de corrigir estes problemas, disse, o Governo apostou no fortalecimento
das ligações com o enclave, o que implicou investir no primeiro avião
timorense, num navio - recentemente lançado em Portugal - e na nova ponte.
"Para
quebrar o isolamento de Oecusse apostamos nos meios de transporte, garantindo
rapidez e mobilidade. A mobilidade é uma condição sine qua non de cidadania.
Modernizar Oecusse reforçando a cidadania era investir na mobilidade",
disse.
"A
ribeira de Tono, outrora, isolava populações. Mas, a partir de hoje, graças a
esta ponte, passa a ser um elo de ligação entre as populações. A ponte
Noefefan, sólida e elegante, quebrou para sempre o isolamento das populações,
que sofreram décadas de isolamento durante a época de chuvas", disse Lu-Olo.
O
Presidente da República recordou que a ponte se insere num projeto mais amplo
que representa "uma nova filosofia" e um "novo modelo de
desenvolvimento" que apostou na criação de uma Zona Especial de Economia
Social de Mercado (ZEESM) onde têm vindo a ser construídas várias
infraestruturas básicas.
"A
ZEESM de Oecusse poderá assim servir de referência para outros polos de
desenvolvimento a serem estabelecidos no território de Timor-Leste, a médio e
longo prazo.
Estou
convicto que Timor-Leste escolheu o caminho certo, rumo ao desenvolvimento
socioeconómico integrado e sustentável", afirmou.
ASP
// FPA | Foto: Ponte Noefefan | TATOLI | Xisto Freitas
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