António
Sampaio
A
euforia do grupo de jovens, entre taxistas e vendedores de recargas para
telefone, dá som e cor ao pequeno encontro organizado pela Fretilin para
distribuir panfletos e dar a conhecer o programa do partido para as
legislativas timorenses.
O
encontro, que quase parece improvisado, decorre à frente do único centro
comercial na capital, Díli, onde muitos destes jovens estacionam os seus táxis
amarelos ou tentam vender a quem passa recargas para os telefones das três
operadoras de Timor-Leste.
No
quintal da casa humilde onde tudo decorre - está-se na zona oeste da capital -,
um grupo de dirigentes e militantes da Fretilin distribui cartazes, folhetos e
bandeirolas aos jovens.
"Eles
querem mais bandeirolas, mas já não temos mais", explica Alex Tilman, um
dos elementos da Fretilin, que participa num encontro cujo modelo o partido
repete, um pouco por todo o país, desde o arranque da campanha.
Cá
fora, na movimentada rua - o grande trânsito é só um dos sinais do
desenvolvimento que Timor-Leste viveu nos últimos anos - dão-se vivas à Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) enquanto se decoram os
táxis com as bandeiras e cartazes.
Tilman,
40 anos, faz parte da nova geração de líderes do partido que nos últimos anos
deu cada vez mais papel aos jovens: a Juventude Fretilin faz a campanha
"cara-a-cara", nos mercados, nos locais onde as pessoas se
concentram.
Nas
mãos tem duas molduras, um amarela e outra vermelha, que o partido usa para
criar ‘retratos' de militantes, com os jovens a empurrar-se para tirar fotos
que, segundos depois, sobem às redes sociais.
Estimativas
apontam a que 500 mil timorenses usem o Facebook e aqui, como noutros países,
as redes sociais são para muitos a única fonte de informação. E este ano,
também de informação e marketing político.
Cor,
bandeiras, camisolas, conversas que decorrem, aparentemente, sem o grande
impacto mediático dos comícios ou das grandes ações de campanha e que apostam
na proximidade.
Tilman
diz que "as pessoas respondem melhor" ao diálogo de cara-a-cara, que
se mostram satisfeitos por poder, em vez de simplesmente ouvir os líderes,
fazer perguntas, discutir assuntos que os preocupam.
"Fazem-nos
perguntas mas também fazem críticas. Dizem-nos que estamos no Parlamento há
muito tempo e perguntam o que fizemos. Ou que estivemos no Governo e o que
fizemos. É uma oportunidade para explicar as complexidades da organização
política, dar a conhecer programas como o de Oecusse [liderado por Mari
Alkatiri, secretário-geral da Fretilin] ou a liderança do atual
primeiro-ministro, Rui Araújo", explica Tilman.
É
também uma oportunidade para procurar recuperar para a política um crescente
grupo de jovens desligado da governação do país e que, sugere, nem sequer
conhecem a história de Timor-Leste.
Os
encontros são, na prática, o aplicar em campanha de um método que a Fretilin
explica ter seguido na preparação do seu programa para as legislativas de 22 de
julho.
A
Fretilin é, potencialmente, o partido que tem a estrutura mais bem organizada,
alcançando as aldeias mais remotas onde trabalha politicamente mesmo nas épocas
mais ‘mortas', sem campanhas eleitorais.
Tilman
explica que por isso o programa reflete as aspirações da população da base, as
suas preocupações com aspetos como água ou saneamento ou outras necessidades
básicas do mundo rural.
"O
nosso programa veio da base, das aspirações da base. Nestes encontros, quando
as pessoas dizem que os programas são só para os políticos e que eles não
aproveitam nada, explicamos que seja quem for que elejamos a 22 de julho, o que
eles fizerem afeta-nos a todos", disse.
A
campanha para as legislativas decorre até 19 de julho.
SAPO
TL com Lusa | Foto@ Nuno Veiga/EPA
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