Díli,
28 set (Lusa) - Um multimilionário e filantropo de Hong Kong que em 1999
ofereceu a Timor-Leste um navio usado para repatriar da Indonésia milhares de
refugiados leste-timorenses morreu na semana passada aos 91 anos, informou a
família.
Eric
Edward Ho Tung, que nasceu em 1926 e foi nomeado embaixador itinerante de
Timor-Leste em 2002, era neto do empresário Robert Ho Tung e filho de Edward Ho
Tung e da sua mulher a irlandesa Mordia O'Shea.
"Era
um amigo de Timor-Leste que em 2000-2003 despendeu milhões de dólares para
ajudar no repatriamento de mais de 100 mil refugiados timorenses de Kupang para
Díli num navio que ele comprou para o efeito", recordou à Lusa o ministro
timorense José Ramos-Horta, que em 2002 o nomeou embaixador itinerante de
Timor-Leste.
Neto
de um conhecido filantropo, Robert Ho Tung, que no século passado ofereceu uma
biblioteca a Macau, Eric Ho Tung ajudou a libertar bispos e padres que estavam
detidos no Vietname e na China, tendo apoiado a Ordem de Malta e institutos de
ensino em vários locais do mundo.
Através
de uma fundação que criou, Eric Ho Tung começou a ter conhecimento do que se
passava em Timor-Leste nos anos finais da ocupação indonésia - depois de
contactos com o Duque de Brangança - tendo desde então apoiado vários projetos
da resistência e da igreja timorenses.
Pai de cinco filhos e três filhas do seu casamento com a norte-americana Patricia Anne Shea, Eric Ho Tung ficou conhecido em Timor-Leste quando, em dezembro de 1999, ofereceu um navio que permitiu repatriar mais de 15 mil refugiados que estavam na Indonésia.
Pai de cinco filhos e três filhas do seu casamento com a norte-americana Patricia Anne Shea, Eric Ho Tung ficou conhecido em Timor-Leste quando, em dezembro de 1999, ofereceu um navio que permitiu repatriar mais de 15 mil refugiados que estavam na Indonésia.
A
violência de setembro de 1999, depois do anuncio do resultado do referendo em
que os timorenses escolheram a independência, reavivou o interesse que Eric Ho
Tung já tinha demonstrado para com a questão de Timor-Leste, tendo nessa altura
voltado a contactar o Duque de Bragança para saber "qual era a melhor
maneira de ajudar os timorenses".
A
ideia do navio surgiu para preencher as carências que se sentiam em questões de
acesso à ilha, já que a maior parte dos transportes estavam nessa altura
dependentes das forças militares australianas.
Comprado
à marinha australiana e com plataforma para helicópteros, o navio, de 2.500
toneladas e cem metros de comprimento, tinha salas de assistência médica para
poder circular a ilha e prestar apoio médico às populações costeiras.
À
chegada a Díli a 11 de setembro de 1999 Hotung explicou à Lusa que a oferta do
navio era "como um tributo à coragem dos timorenses" que apesar
"de todas as ameaças e das consequências votaram pela independência".
Os
primeiros refugiados foram repatriados de Timor Ocidental a bordo do Patricia
Anne Ho Tung, o nome do navio que um ano depois já tinha transportado mais de
10 mil pessoas.
Natural
de Hong Kong, Eric Ho Tung foi viver para Shangai com o pai quando era criança,
estudou no Colégio S. Francisco Xavier e regressou a Hong Kong na 2ª Guerra
Mundial, altura em que trabalhou nas urgências do Hospital Tung Wah.
Quando
Hong Kong foi ocupado pelos japoneses em dezembro de 1941, Ho Tung foi enviado
de novo para Shangai onde esteve em prisão domiciliária, acabando, em 1947, por
viajar para os Estados Unidos para estudar.
Depois
das mortes do avô em 1956 e do pai em 1957, Eric Ho Tung regressou a Hong Kong
onde assumiu o controlo das empresas da família, especialmente nas áreas
imobiliária, financeira e de importação e exportação.
Começou
a trabalhar no mundo diplomático na década de 80 do século passado,
aproveitando os contactos que tinha na China e nos Estados Unidos, ampliando
vários programas de apoio que financiaram o estudo a muitos estudantes de Hong
Kong no estrangeiro.
ASP//ISG
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