Díli,
19 out (Lusa) - Líderes políticos timorenses, incluindo o primeiro-ministro,
fizeram hoje um apelo a que a população se mantenha calma na sequência da
aprovação pela oposição, maioritária no Parlamento Nacional, de uma moção de
rejeição ao programa do Governo.
"Apelei
a todos voltarem a casa com calma. Eu também estou calmo. Tudo faremos para não
haver violência mas não podemos, com o dito sentido de Estado estar eternamente
em sentido e entregar o Estado a outros", afirmou à Lusa Mari Alkatiri
depois da votação da moção.
O
texto foi aprovado com o apoio da bancada do Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense (CNRT) e do Partido Libertação Popular (PLP) - liderados
respetivamente pelos ex-Presidentes e líderes históricos timorenses Xanana
Gusmão e Taur Matan Ruak - e pelos deputados do Kmanek Haburas Unidade Nacional
Timor Oan (KHUNTO), que se estreia no parlamento na atual legislatura.
"Votaram
a favor 35, votaram contra 30, abstenção 0. Moção de rejeição aprovada",
disse Aniceto Guterres, presidente do Parlamento Nacional.
Nas
suas últimas intervenções antes do voto, deputados do CNRT e do PLP deixaram
apelos à população para que mantenha a tranquilidade que se tem vivido no país,
deixando igualmente apelos aos líderes nacionais - nomeadamente o primeiro-ministro
Mari Alkatiri e os líderes desses partidos, Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak,
para que dialoguem.
Arão
Amaral, chefe da bancada do CNRT, também recordou que era a primeira que se
usava em Timor a moção de rejeição mas que isto era "normal no resto do
mundo", afirmando que o seu partido "não procura poder" e que
sempre respeitou a Constituição.
"Ao
povo de Timor-Leste, à juventude, apelo para que compreendem que este é o jogo
democrático, que há diferenças, há discussão mas sempre respeitando as regras
constitucionais e as leis", disse ainda.
Fidelis
Magalhães, chefe da bancada do PLP, reconheceu que esta é uma "fase de um
processo difícil" que ocorre pela primeira vez - nenhum programa do
Governo desde a restauração da independência foi sujeito a uma moção de
rejeição e só um foi alvo de um voto de confiança.
"A
bancada executa a politica do partido. Não tenho um único interesse além de
defender o bem-estar do povo, o interesse nacional. Cuidado como usam os termos
ou que aproveitamento fazem dos termos", disse.
"Aproveito
para apelar a todo o povo e a todos os militantes para deixarem a politica no
parlamento para que continuem num ambiente de amizade, de tranquilidade em
Timor-Leste, a defender a paz e a estabilidade", considerou.
Angelita
Sarmento, outra deputada do PLP, também defendeu a normalidade do processo da
moção de rejeição, afirmando que se cumprem as "regras da democracia"
e apelando a todos para que colaborem para manter a "paz, unidade, coesão
social e democracia".
"O
programa não passou mas apelo aos lideres nacionais para procurarem concertação
politica, dialogo permanente. Apelo aos líderes históricos para criar condições
para alcançar sustentabilidade governativa, paz e unidade nacional",
disse.
ASP
// EL
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