Díli,
04 nov (Lusa) - O Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), segunda
força política timorense, reúne-se no domingo em Conferência Nacional para,
entre outros temas, "revogar" duas resoluções aprovadas em agosto e
aprovar a retoma do mandato pleno do presidente do partido, Xanana Gusmão.
Arão
Noé, chefe da bancada do partido, disse à Lusa que esses eram os dois aspetos
na agenda da reunião que está previsto durar apenas um dia e que decorrerá na
sede nacional do CNRT, em Díli, onde está já um pequeno cartaz a saudar os
participantes.
"A
conferência nacional é só de um dia e tem o propósito de revogar as duas
resoluções que aprovámos [na Conferência nacional] em agosto sobre a posição do
CNRT e ainda aprovar a retoma do pleno mandato pelo presidente", explicou.
Questionado
sobre se serão aprovadas eventuais resoluções adicionais, Arão Noé disse que a
decisão caberia à conferência, afirmando desconhecer se Xanana Gusmão vai ou
não participar.
"A
bancada foi apenas convidada pela Comissão Política Nacional que é quem
convocou a conferência", explicou.
Fonte
próxima a Xanana Gusmão confirmou à Lusa que o líder timorense "não
participa" na conferência.
A
Lusa tentou, sem êxito, contactar com vários membros da Comissão Política
Nacional (CPN) para confirmar mais aspetos da agenda da reunião, de que a
imprensa não foi até agora informada oficialmente, e para confirmar se Xanana
Gusmão, ausente do país há várias semanas, estará ou não presente.
Xanana
Gusmão tem previsto participar no inicio da próxima semana na cidade
australiana de Brisbane numa ronda negocial relacionada com o futuro
desenvolvimento do campo Greater Sunrise, no âmbito das negociações sobre o
novo tratado de fronteiras marítimas com a Austrália.
O
encontro estava inicialmente marcado para a cidade australiana de Perth, onde
Xanana Gusmão era esperado domingo, mas foi adiado para Brisbane a pedido das
empresas petrolíferas envolvidas, confirmou a Lusa.
Recorde-se
que, no rescaldo das eleições legislativas de 22 de julho - em que o CNRT foi o
segundo partido mais votado atrás da Fretilin, que obteve apenas mais 1.135
votos - o partido reuniu-se numa Conferência Nacional que decorreu quase
totalmente à porta fechada.
No
discurso de abertura da conferência Xanana Gusmão anunciou a sua demissão da
presidência que, no final da reunião do partido acabou 'suspensa' até à
realização de um Congresso Extraordinário, com o líder timorense a ficar
"sem plenos poderes".
No
mesmo encontro o partido aprovou uma outra resolução em que determinava que se
manteria na oposição durante a atual legislatura, indo de encontro à posição
defendida por Xanana Gusmão.
"O
partido CNRT decide estar no Parlamento Nacional como oposição, querendo, deste
modo, continuar a contribuir no processo de construção do Estado e de
construção da Nação, para consolidar a transição democrática neste país",
disse Xanana Gusmão.
O
líder histórico timorense foi taxativo, afirmando que "o partido não
aceitará propostas, de ninguém, nem convidará nenhum partido para formar
coligações, porque não pretende participar no governo" e que não se vai
repetir o que ocorreu em 2007, quando o CNRT foi o segundo mais votado atrás da
Fretilin mas "para resolver a crise que o país vivia", optou por
formar uma aliança de maioria parlamentar.
Na
sequência da tomada de posse do VII Governo, formado por uma coligação
minoritária com o apoio da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin) e do Partido Democrático (PD), o CNRT juntou-se aos restantes
partidos da oposição [Partido Libertação Popular (PLP) e Kmanek Haburas Unidade
Nacional Timor Oan (KHUNTO)] numa nova Aliança de Maioria Parlamentar (AMP).
A
AMP ofereceu-se já ao Presidente da República como alternativa de governação no
caso da queda do Governo caso, como ocorreu em outubro, a oposição volte a
chumbar pela segunda vez o programa do Governo.
O
executivo liderado por Mari Alkatiri anunciou que vai apresentar o segundo
programa em conjunto com um Orçamento Retificativo para 2017 "até ao final
do ano".
ASP
// JPS
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