quinta-feira, 26 de abril de 2018

Debate sobre passado da luta é "Antigo Testamento" para jovens - Bispo


Díli, 26 abr (Lusa) - Os debates sobre a história da luta timorense, na campanha eleitoral, são, para a nova geração, como o Antigo Testamento e podem não ser uma "opção feliz", disse hoje o presidente da Conferência Episcopal de Timor-Leste.

"Reescrever a história de Timor à base de comício é uma forma de fazer lembrar as coisas, mas interrogo-mo sobre se será a mais feliz", disse Basílio do Nascimento, no final de um encontro com o Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo.

"Para a população nova, tudo aquilo que aconteceu no passado, - e perdoem-me a expressão bíblica - faz parte do Antigo Testamento. E as gerações antigas que particaparam na criação disso, não é novidades para elas", considerou.

Basílio do Nascimento, presidente da Conferência Episcopal e bispo de Baucau, a segunda cidade timorense, participou com o bispo de Díli, Virgilio do Carmo da Silva, e com o bispo de Maliana, Norberto do Amaral, num encontro de cerca de 70 minutos com Lu-Olo.

À saída do encontro, Basílio do Nascimento referiu-se à tensão que marcou a primeira metade da campanha para as legislativas, em que parte do discurso de líderes e militantes da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP, oposição), incluindo Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, foi marcado por duras críticas à Fretilin e aos seus dirigentes, especialmente a Mari Alkatiri.

Muitos dos comentários referiam-se à luta contra a ocupação indonésia e pela independência de Timor-Leste, com tentativas de alguns dirigentes de politizarem os diferentes braços da resistência: armada, clandestina e diplomática.

"É uma forma de reescrever, de rememorar, se calhar nem sempre com as expressões mais felizes. É uma forma de lembrar às gerações novas aquilo que aconteceu", considerou o prelado.

"Não sei se valerá a pena pôr a descoberto tudo o que constituiu o passado, sobretudo as partes negativas, que também fazem parte, mas que se calhar é preferível ficar nos livros do que espalhar na campanha. Mesmo que haja situações com razão, as palavras podem ferir e penso que é preferível evitar feridas", disse.

O bispo timorense, que está a recuperar de um problema de saúde que o tem obrigado a maior repouso, disse que por causa disso não tem acompanhado a campanha tão de perto, apesar de sentir que está "mais morna" do que as anteriores.

Este é um "momento importante na vida da nação" e o crucial é que, apesar da tensão, se trata apenas de "violência linguística" sem passar para a violência física, o que é positivo, considerou.

Basílio do Nascimento mostrou-se ainda otimista sobre um aumento da taxa de participação relativamente ao passado.

As eleições legislativas decorrem a 12 de maio.

ASP // EJ

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