Pequim, 01 jun (Lusa) - O grupo
que reúne familiares dos estudantes assassinados pelo exército chinês em 4 de
junho de 1989, durante a repressão do movimento pró-democracia da Praça
Tiananmen, exigiu hoje ao Governo chinês que assuma responsabilidades pelo
sucedido.
Numa carta dirigida ao Presidente
chinês, Xi Jinping, nas vésperas do 29.º aniversário do massacre, os familiares
das vítimas criticam o silêncio e os esforços das autoridades para que o
massacre seja esquecido.
"Ninguém dos sucessivos
governos, nos últimos 29 anos, perguntou por nós, e ninguém pediu desculpa de
nenhuma forma, como se o massacre que comoveu o mundo nunca tivesse
acontecido", denunciou a organização não-governamental.
A carta é assinada por 128 mães,
pais e outros familiares de jovens que perderam a vida na noite de 3 para 4 de
junho, em Pequim, quando o Governo mandou o exército intervir para terminar com
quase sete semanas de protestos pró-democracia.
O número exato de pessoas mortas
continua a ser segredo de Estado, mas as "Mães de Tiananmen" já
identificaram mais de 200 mortos.
"É um crime inumano, que
afetou gravemente a reputação do nosso país", lê-se na carta, que denuncia
a "indiferença" e "frieza" das autoridades chinesas face à
perda de vidas.
"Nunca nos deram uma
explicação", denunciam os familiares, que continuam a exigir saber o que
se passou e que as autoridades assumam a sua responsabilidade.
O grupo denuncia ainda a
intimidação por parte das autoridades, que continuam a vigiar as famílias e a
prender quem tenta recordar o episódio.
Também a organização
não-governamental de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW)
exigiu hoje ao Governo chinês justiça pelo sucedido e pediu a libertação
imediata dos ativistas presos por lembrarem as vítimas.
"À medida que se aproxima o
aniversário, o Governo chinês continua a negar os crimes durante a brutal
repressão dos protestos. As autoridades cobriram os assassinatos, não levaram
os responsáveis à justiça e perseguiram as vítimas e familiares dos
sobreviventes", denunciou, em comunicado.
A diretor a da HRW para a China,
Sophie Richardson, lembra que a "única forma de eliminar esta mancha é o
Governo assumir a sua responsabilidade".
JPI // PJA
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